Contra factos, os meus factos

A apropriação de géneros jornalísticos pelas campanhas não é uma novidade, mas uma das tendências deste ano é o surgimento de iniciativas de suposto fact-checking, com socialistas e coligação a disputarem nas redes um pingue-pongue de “evidências” e “mentiras”. Ontem referimos o artigo do diário de campanha socialista que era partilhado nos círculos afectos a Costa – “Desmascarando as oito mentiras de Passos no debate das rádios”. Esta segunda-feira veio a resposta do Portugal à Frente – “Dez evidências que a oposição insiste em negar”.

Um exemplo do confronto: a coligação proclama a “recuperação de mais de 220 mil postos de trabalho”, sem indicar a fonte; o PS contabiliza “menos 300 mil empregos” hoje desde o expresso no DEO de Agosto de 2011. Diferenças na forma: o PS disponibiliza um texto corrido; a coligação apresenta um conjunto de imagens partilháveis no Facebook. Factos para todos os gostos, todos a exigirem verificação independente.

Ainda sobre a relação entre campanha e imprensa, nota para a reacção da CDU à afirmação do Expresso de que a campanha dos comunistas se resume a Jerónimo. A página sugerida pelo deputado Miguel Tiago para agregar imagens das arruadas já está disponível no Facebook.

Por fim, um tributo à infinita memória da web. Ressurge nas redes, pela mão de dirigentes e apoiantes da coligação, um excerto de 2011 do programa Quadratura do Círculo (SIC Notícias) em que Costa defende que, em alternativa ao Bloco Central, PS e PSD se devem abster de inviabilizar Orçamentos do Estado, “independentemente do seu conteúdo”.

 

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