Eduardo Lourenço, “um século de serviço à nossa pátria”, diz Marcelo

Governo decreta para esta quarta-feira um dia de luto nacional em homenagem ao filósofo, pensador e professor.

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Marcelo Rebelo de Sousa LUSA/MÁRIO CRUZ
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“Foi praticamente um século de serviço à nossa pátria”, comentou na manhã desta terça-feira o Presidente da República referindo-se à morte durante a madrugada de Eduardo Lourenço. À margem da cerimónia comemorativa aos heróis da Restauração e da Guerra da Aclamação, Marcelo Rebelo de Sousa traçou um breve perfil de quem escolheu para seu conselheiro de Estado.

“Pensar Portugal durante toda a sua vida, escrever sempre sobre Portugal, a nossa identidade, o que é ser português, o que significamos hoje e no futuro”, assinalou o Presidente. “Ele percebia que Portugal era uma realidade espalhada pelo mundo, Portugal era história mas, sobretudo, presente e futuro”, acentuou.

Por seu lado, o primeiro-ministro, António Costa, também presente na Praça dos Restauradores, referiu que Eduardo Lourenço “ajudou muito a reflectir sobre o nosso país, recordando o livro Labirinto da Saudade.

“É um momento de grande tristeza. Amanhã será dia de luto nacional. É com grande saudade que nos deixa e é um grande convite para também para conhecer a sua obra”, disse o primeiro-ministro. “Era um amigo e camarada”, concluiu Costa.

Marcelo evoca e agradece

O Presidente da República referiu ainda o papel de Eduardo Lourenço na educação e vincou a sua concepção de que Portugal era uma plataforma entre vários continentes. “Portugal como realidade aberta e inclusiva, contrária às exclusões e à xenofobia, [Eduardo Lourenço] viveu toda a sua vida a afirmar e a amar Portugal”, referiu.

“Foi [a morte] durante a madrugada, o maior pensador vivo deixou-nos no dia da independência, é quase simbólico”, anotou o Presidente. Na nota no site da Presidência, é referido que Eduardo Lourenço foi, desde o início da segunda metade do século passado, o nosso mais importante ensaísta e crítico, o nosso mais destacado intelectual público.

“Tendo vivido durante décadas em França, e sendo estruturalmente francófilo, poucos foram os ‘​estrangeirados’​ tão obsessivos na sua relação com os temas portugueses, com a cultura, identidade e mitologias portuguesas, com todos os seus bloqueios, mudanças e impasses. Nunca esteve, por isso, alheado dos debates do nosso tempo, nem das vicissitudes da política. Devemos-lhe algumas das leituras mais decisivas de Pessoa, que marcam um antes e um depois, e um envolvimento, muitas vezes heterodoxo, nas questões religiosas, filosóficas e ideológicas contemporâneas, do existencialismo ao cristianismo conciliar e à Revolução”, refere.

“Ninguém entre nós pensou a Europa e Portugal em conjunto, sem excepcionalismos nem deslumbramentos, numa linha de fidelidade ao humanismo crítico de um dos seus mestres, Montaigne. E entre todos os intelectuais portugueses da sua envergadura, nenhum outro foi tão alheio à altivez, à auto-satisfação, ao desdém intelectual, ao desinteresse pelas gerações seguintes”, conclui a nota de pesar.

Nos Restauradores, Marcelo Rebelo de Sousa foi ainda questionado sobre o momento em que anunciará a sua reeleição a Presidente da República. “Tenho recebido várias pressões, há quem envie cartas”, reconheceu. Mas foi directo. “A decisão é minha”, disse, marcando esse anúncio até ao final da sua intervenção como Presidente da República no quadro de emergência.

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