Estupefacção socialista

Valem o que valem, repete-se, mas o impacto das sondagens no ânimo da campanha socialista tem sido evidente. Exemplo disso foram os ecos ao artigo de Pedro Silva Pereira no Diário Económico, em que o ex-ministro da Presidência de José Sócrates acusa a esquerda de “brincar com o fogo” e apela ao voto útil: “O aviso das sondagens está aí e não podia ser mais claro”. No Twitter, o deputado do PS Rui Paulo Figueiredo subscrevia o apelo mas defendia que este “deve ser feito de modo a não afastar o voto do eleitorado mais ao centro”. Ou seja, que o partido tem agora de travar uma batalha em duas frentes.

Igualmente partilhado entre as hostes socialistas na sexta-feira, incluindo por dirigentes como Edite Estrela, o artigo de opinião da jornalista Fernanda Câncio no Diário de Notícias. No texto, uma crítica ao discurso da coligação, que diz ser falacioso, mas também à incapacidade da campanha de António Costa em contrariá-lo.

Em contraponto, o tom geral nas fileiras online da coligação é de entusiasmo. Na sexta-feira, adjuvado pela entrevista do antigo ministro das Finanças Fernando Teixeira dos Santos ao Diário Económico. Ou melhor, com o título na primeira página: “Políticas do programa PS ‘são arriscadas’”. Desconto necessário: Teixeira não é militante do PS e defende que eventuais margens orçamentais devem ser exploradas com vista à reanimação da economia. Mas pelo menos durante o dia de sexta-feira, o ex-ministro foi para a coligação o que Manuel Ferreira Leite tem sido para os socialistas: um trunfo inesperado.

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