Governar para o Facebook

Já porosas em tempos normais, as fronteiras entre Estado, Governo e partidos diluem-se durante a campanha. Segue-se um exemplo. Na segunda-feira, e após protestos de escolas, pais e alunos, o ministro da Educação Nuno Crato anunciou mais quatro milhões de euros para o ensino artístico. A comunidade educativa alertava para o problema do financiamento dos conservatórios desde Agosto; o Governo responde a duas semanas das eleições.

Mais célere foi a utilização do anúncio de Crato em material de campanha da coligação nas redes sociais. Às 18h do mesmo dia já havia um post no Facebook do Portugal à Frente: “Governo aposta. Quatro milhões de euros no ensino artístico especializado”, com o selo da coligação. Se as campanhas sempre fizeram a defesa do legado dos incumbentes, a Internet transformou o exercício num jogo em tempo real onde se confunde a publicitação dos actos governativos com a propaganda partidária.

Pela positiva, o registo da iniciativa da coligação de recolher perguntas de eleitores, através do Facebook, para Pedro Passos Coelho e Paulo Portas. O líder do PSD responde às quartas e o presidente do CDS-PP fala às quintas, em vídeo.

Nota final para a reacção nas redes à actualização do défice de 2014: silêncio total à direita e contenção relativa no campo socialista, onde se assinala o fracasso das metas orçamentais do Governo mas não se avança uma solução alternativa para o dossier Novo Banco.

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