Isaltino quer voltar ao lugar que ocupou durante 24 anos: a Câmara de Oeiras

O antigo “dinossauro” autárquico volta a candidatar-se, depois de ter cumprido pena por fraude fiscal e branqueamento de capitais. Vai enfrentar o seu delfim, agora autarca, com quem confessa estar desiludido.

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Nas últimas autárquicas, Paulo Vistas fez cartazes com a imagem de Isaltino, que então estava preso Enric Vives-Rubio

Isaltino Morais está de volta. “Vou ser candidato à Câmara de Oeiras”, anunciou na TSF o homem que presidiu a esta autarquia durante 24 anos, que foi ministro e que esteve preso durante um ano, a cumprir metade da pena a que foi condenado por fraude fiscal e branqueamento de capitais.

Apesar disso, Isaltino está convicto de que a maioria das pessoas o considera uma pessoa honesta. O processo que teve na justiça e que o atirou para a cadeia, acredita o agora candidato à Câmara de Oeiras, não o vai beneficiar, mas também não o vai prejudicar, disse em entrevista à TSF.

O antigo “dinossauro autárquico" volta porque as pessoas lhe pediram para o fazer, diz, e porque o PSD não tem um bom candidato. Apesar de ainda não ter sido anunciado o nome com que os social-democratas vão defrontar o actual presidente da câmara, Paulo Vistas, Isaltino está convicto de que será "o líder da concelhia" de Oeiras do PSD. Mas o principal alvo do antigo autarca é o seu antigo número dois, Paulo Vistas, que se candidatou nas últimas autárquicas pelo movimento que tinha o nome do próprio Isaltino e que agora apagou esse nome e volta a recandidatar-se.

É este o grande embate a que Isaltino se propõe: enfrentar aquele que foi o seu delfim durante oito anos e recuperar um lugar que considera seu. É o que dá a entender quando diz: "A actual solução governativa da câmara decorreu de um movimento que eu próprio criei e mau seria se, intempestivamente, eu anunciasse há dois anos que em 2017 era candidato. Era eu que estava a criar instabilidade e dava pretexto a quem estava a governar para que pudesse dizer que o Isaltino veio criar instabilidade e desviar atenções".

Assim justifica que apareça agora a anunciar a candidatura, até porque está "desiludido com a governação” de Vistas. “Oeiras deixou de ser falada nos últimos quatro anos. A voz de Oeiras não existe", afirma na TSF. Em contraponto, dá conta da sua popularidade: "Eu quase não posso circular por Oeiras, que as pessoas vêm-me apresentar a sua desilusão. Se me perguntar se eu esperava melhor de Paulo Vistas, claro que esperava".

A desilusão de Isaltino vai ao plano pessoal, e embora não o acuse de traição, confessa que perdeu um amigo: "O que se passou entre mim e o Paulo foi que se quebrou a cumplicidade que havia".

Agora, promete um novo recomeço, com tudo novo: novas caras, novo programa, nova maneira de fazer campanha. “Volto como se fosse o meu primeiro dia de autarca", diz na rádio, onde confessa que o regresso foi pensado nas “longas noites” da prisão.

Sem dinheiro para campanhas milionárias, diz que vai fazer uma campanha “na rua”, à Marcelo, e conta com uma adesão maciça: “Eu espero que sejam as pessoas a financiar a minha campanha. Hoje a lei prevê que o Estado financie as campanhas autárquicas em função dos resultados eleitorais. Eu estou convencido de que vou conseguir um resultado que pague a campanha na totalidade", disse.

Isaltino Morais foi condenado em 2009 a sete anos de prisão e à perda de mandato autárquico por fraude fiscal, abuso de poder, corrupção passiva para acto ilícito e branqueamento de capitais no exercício das funções autárquicas. Mas em 2010 a Relação decidiu baixar para dois anos de prisão a pena por fraude fiscal e branqueamento de capitais, anulando as penas de perda de mandato e abuso de poder.

Em Dezembro, quando fez 67 anos, um grupo de munícipes ofereceu-lhe o resultado de uma recolha feita em Oeiras: 7500 apoios para se candidatar.

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