Morreu o general Almeida Bruno, militar de Abril

O general, que foi também director e comandante da Academia Militar, tinha 87 anos. O velório realiza-se esta quinta-feira, 11 de Agosto, a partir das 15h, na Capela da Academia Militar, em Lisboa. O funeral será no dia seguinte no cemitério do Alto de São João, em Lisboa, a partir das 15h.

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O general Almeida Bruno tinha 87 anos DR

Morreu o general João de Almeida Bruno, militar de Abril. Tinha 87 anos e morreu durante a madrugada desta quarta-feira. O Presidente da República já emitiu uma nota de pesar que “evoca, com respeito, admiração e amizade, o General João de Almeida Bruno, apresentando as suas condolências à Família e ao Exército Português, que serviu com independência, sentido de missão e devoção integral”.

O velório realizar-se-á esta quinta-feira, 11 de Agosto, a partir das 15h, na Capela da Academia Militar, em Lisboa. A missa de corpo presente será celebrada no dia 12 de Agosto, às 14h. O funeral será no cemitério do Alto de São João, em Lisboa, a partir das 15h.

Ao PÚBLICO, José Manuel Barroso, ex-jornalista e também membro do Movimento das Forças Armadas (MFA) e capitão miliciano e assessor de comunicação do general Spínola na Guiné recorda Almeida Bruno como “um homem corajoso”. “Era grande militar e grande guerreiro” e somou “momentos importantes”.

“Fez parte do grupo de militares, uns mais à esquerda, outros mais à direita, que apoiavam [o general António de] Spínola. Foi um homem da confiança militar e política do general, no período em que Spínola achava que tinha de haver uma solução política [para a guerra colonial]. Mas não era acrítico”, conta José Manuel Barroso. “Ouvi o Bruno a dizer que isto só lá ia à pancada e que se tinha de fazer alguma coisa [para derrubar a ditadura]. Fiquei muito espantado”, recorda. “Era um homem da confiança pessoal de Spínola, quase afectiva, quase como um filho. Por isso é que foi nomeado para o Conselho de Estado.”

Almeida Bruno “esteve em todas”, diz. “Quando Mário Soares foi eleito Presidente da República e compôs a sua Casa Militar, quem preencheu os lugares foram spinolistas de um modo geral”. E “foi pelo reconhecimento dos serviços prestados ao país que Almeida Bruno foi nomeado presidente do Supremo Tribunal”.

Natural de Lisboa, Almeida Bruno foi um dos 34 cadetes – entre os quais constavam também Ramalho Eanes, Loureiro dos Santos, Melo Antunes e Gabriel Espírito Santo – que integraram o curso de 1953 na Escola do Exército. Foi mobilizado para Angola, em comissão por imposição desde 5 de Maio de 1961, na Companhia de Cavalaria n.º 108 e na Companhia de Cavalaria n.° 148.

A 24 de Maio de 1968, é designado ajudante-de-campo do Governador e comandante-chefe das Forças Armadas da Guiné. Três anos depois foi nomeado Chefe do Centro de Operações Especiais do Comando-Chefe das Forças Armadas da Guiné. Em 1972 é criado o Batalhão de Comandos da Guiné, que dirigiu. Em 1973, é condecorado com a Cruz de Guerra de 1.ª classe e a Medalha de prata de Valor Militar, com palma e promovido, por distinção em combate, a Tenente-Coronel.

Em Março de 1974, Almeida Bruno foi vítima de uma tentativa de homicídio por parte da PIDE, aquando da revolta das Caldas da Rainha (uma tentativa de golpe de Estado que serviu de prenúncio ao 25 de Abril). O general foi também director e comandante da Academia Militar e presidente do Supremo Tribunal Militar entre 4 de Maio de 1994 e 4 de Maio de 1998, data em que se reformou.

Em comunicado, o Exército português diz estar “de luto por ter deixado de contar com um dos seus brilhantes servidores, expressando o maior respeito e honrando a memória deste notabilíssimo soldado”. “O General João de Almeida Bruno honrou, em todas as circunstâncias, os valores militares e o Exército que devotadamente serviu, afirmando-se pelas suas qualidades de liderança e exemplo a seguir, tendo marcado sucessivas gerações pela sua coragem, assim como pela clarividência e sagacidade que o relevaram ao longo de uma brilhante carreira”, lê-se numa nota enviada às redacções.

O comunicado recorda os cargos desempenhados pelo general, que incluíram (além dos já citados) o cargo de Comandante-Geral da Polícia de Segurança Pública, Comandante da Região Militar do Sul, Inspector-Geral do Exército e Chefe da Casa Militar do Presidente da República.

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