O método socrático

Suscitar uma questão através de perguntas não é muito comum.

Sosseguem. Não tem nada a ver. É uma forma de chegar ao conhecimento. O discípulo Platão é o responsável da sua divulgação, pois o mestre Sócrates, filósofo grego do século V Antes de Cristo, nada deixou escrito.

Esclarecida a questão, fica a substância. Entramos no território da maiêutica, ou seja, induzir alguém pelo seu raciocínio ao conhecimento ou à solução de uma dúvida. O que tem tudo a ver com uma campanha eleitoral.

Na última semana da propaganda joga-se no tudo ou nada. Os recursos dialécticos são escassos para tamanha tarefa. Pôr os eleitores a pensar não seria má solução para afinar a malha dos critérios e fundamentar opções.

Suscitar uma questão através de perguntas não é muito comum. O Bloco de Esquerda fá-lo regularmente. “A culpa da crise é de quem recebe 700 euros?”, perguntam no seu tempo de antena oficial, que passa na televisão pública.

Nem todas as perguntas – e muitas se fazem em campanha – buscam o conhecimento. Num comício, cujas imagens apareceram no tempo de antena, o PCTP/MRPP questionou: “porque é que a comunicação social não fala do PCTP/MRPP?”. A resposta é porque a imprensa só fala dos partidos que estão no Parlamento: “Por isso, há que eleger deputados, quantos mais melhor”.   

Neste caso, o que se pretende não é o conhecimento, mas a mobilização. Uma deriva do original método socrático.

 

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