Oito passos para o PaF fintar o aumento do “coiso” no “reporte”

Agora que saiu este aborrecimento, perdão, “reporte estatístico” que lançou o défice de 2014 para 7,2%, por causa da injecção de 4900 milhões de euros no Novo Banco é bom que os membros da coligação PSD/CDS repensem a sua estratégia de campanha.

Aqui ficam alguns conselhos que Passos Coelho podia fazer à máquina de campanha da coligação Portugal à Frente para disfarçar possíveis efeitos negativos que o “reporte” possa trazer à “Volta a Portugal”.

1. Evitar em discursos, entrevistas e bitaitadas no meio das ruas usar a palavra défice. Chamar-lhe, por exemplo, “o coiso”.

2. Não levar mais a ministra Maria Luis Albuquerque à campanha. Dá azar. Foi para as ruas na terça-feira e na quarta apareceu logo o “coiso” a subir no “reporte estatístico”.

3. Carregar no discurso do problema da baixa natalidade em Portugal em todos os comícios, mas usando a palavra sexo várias vezes. Pode ser que a malta do PaF se entusiasme no combate ao problema. E, claro, enquanto combate, não pensa no “coiso”.

4. Lembrar que Paulo Portas já tinha dito a 8 de Julho, no final do debate do Estado da Nação, que “há vida para além do défice”. Um visionário. Não lembrar nunca que ele disse no dia 21 do mesmo mês: “vejo o PS a disparar o défice e a dívida”. Isso até pode ser verdade, mas dito agora podia levar a alguns mal-entendidos.

5. Alertar todos os militantes para repetirem vezes sem conta a explicação dada pelo líder na primeira reacção à chatice, perdão, “reporte estatístico” sobre o “coiso”. Para quem não ouviu aqui fica: “Como nós não nacionalizámos o Banco Espírito Santo e emprestámos dinheiro ao fundo de resolução para criar o Novo Banco, o que se passa é que o Estado até hoje já recebeu mais de 120 milhões de euros de juros que emprestou, o que significa que quanto mais tarde esse dinheiro regressar aos cofres do tesouro mais dinheiro em juros o país acumulará”. Poderá ser usada uma versão resumida tipo: “não se preocupem com o “coiso” porque já ganhámos uma pipa de massa com o Novo Banco e ainda vão chegar mais camiões de dinheiro.” Pode ser que, repetindo muitas vezes, dois, vá lá três, eleitores acreditem.

6. Lembrar que António Costa afirmou que o défice “não prejudica o programa sólido e credível do PS”. Trocar a palavra défice “por reporte estatístico” e deixar cair as palavras “sólido” e “credível”. Ora, se o “reporte” não prejudica o calhamaço que o Centeno escreveu para o Costa e que ainda não foi aplicado, porque é havia de ser mau para o programa de quem governa há quatro anos com grande experiência em défices altos? Fácil.

7. Dizer que não há problema, porque o Benfica também tinha um grande “coiso” e foi campeão dois anos seguidos.

8. Que nunca mais Paulo Portas repita a pergunta feita na terça-feira à noite: “Em quem confiam mais, em Maria Luís ou Mário Centeno?”

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