Prós e contras das ofertas eleitorais

No século I antes de Cristo, Quinto, o irmão mais novo de Cícero, deu-lhe conselhos escritos para fazer carreira política.

A campanha eleitoral vive da praxis dos programas. Mas não só. As circunstâncias da actualidade têm o seu tempo e registo, e marcam os discursos. É assim que nasce o tema do dia da cobertura informativa e televisiva.

Na sexta-feira, a questão candente foi a execução orçamental de 2015. Melhor: a simulação divulgada pelo Governo de que poderia devolver 35% da sobretaxa do IRS já em 2016.

“Não é uma promessa, não é um anúncio para as eleições”, disse Passos Coelho em Espinho, em declaração captada pela 25ª Hora da TVI 24. As reacções dos outros protagonistas foram apresentadas em carrossel de contraditórios.

Os socialistas acusaram o executivo de propaganda eleitoral. Paulo Sá, da CDU, disparou que há atrasos propositados na devolução do IVA e do IRS. “Se a notícia fosse séria seria eleitoralismo, como é falsa é falta de vergonha”, criticou Catarina Martins, do Bloco.

No século I Antes de Cristo, Quinto, o irmão mais novo de Cícero, deu-lhe conselhos escritos para fazer carreira política. “O não-cumprimento de promessas dissolve-se muitas vezes numa nuvem de alterações de circunstância, de modo que a insatisfação que provoca contra ti acaba por ser mínima”, advertiu.

Sem a voracidade do tema do dia, já então se equacionavam os prós e contras das ofertas eleitorais. Com as promessas a serem largamente compensadoras.

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