PSD de Matosinhos pede demissão de Luísa Salgueiro da ANMP após “escândalo” com Cavaco Silva

Presidente da Câmara de Matosinhos e outros socialistas saíram da sala quando o antigo chefe de Estado discursava numa sessão do PER em que criticou as políticas de habitação do Governo de Costa

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A socialista foi eleita presidente da ANMP em Dezembro de 2021 LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

O PSD de Matosinhos exigiu nesta segunda-feira a demissão "imediata" da presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), a socialista Luísa Salgueiro, depois de esta ter abandonado, no sábado, uma conferência quando o ex-Presidente da Republica Cavaco Silva começou a discursar.

"Esta atitude revela falta de noções institucionais. O PSD de Matosinhos já o disse várias vezes e repete que para Luísa Salgueiro o que mais importa é o PS e não a dignidade da República, da instituição que lidera - a Associação Nacional de Municípios Portugueses –, ou dos matosinhenses", afirmou o líder da concelhia do PSD-Matosinhos, Bruno Pereira, citado em comunicado.

O vereador referia-se à conferência que decorreu no sábado e que assinalou os 30 anos do Programa Especial de Realojamento (PER), uma iniciativa da Câmara de Lisboa na qual foram ouvidas duras críticas feitas pelo antigo Presidente da República em relação ao novo programa Mais Habitação e à actuação do Governo socialista liderado por António Costa.

Durante o discurso de Cavaco Silva, autarcas do PS, designadamente a presidente da ANMP, saíram da sala. Segundo o Expresso, o presidente da Câmara de Loures, Ricardo Leão, também abandonou a sala, recusando-se a ouvir o ex-Presidente da República. “Como tem poucas oportunidades de falar, Cavaco Silva aproveita-as para dizer barbaridades que não tenho paciência para ouvir”, disse o autarca ao Expresso.

O social-democrata Bruno Pereira classificou esta atitude de "condenável", referindo que a mesma tem impactos negativos a nível nacional e local.

Falando em "escândalo político", Bruno Pereira entendeu que Luísa Salgueiro, também presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, tem muitas explicações a dar aos autarcas, independentemente do partido pelo qual foram eleitos. "E perceber que a sua atitude não dignifica a República Portuguesa e o cargo que ocupa, pelo que deve colocar o seu lugar à disposição de imediato", exigiu.

Caso não se demita, o vereador do PSD espera que na próxima reunião da ANMP os autarcas, sobretudo os do PSD, façam sentir a Luísa Salgueiro que o seu "reinado à frente deste organismo já não reúne as condições de governabilidade". Na sua opinião, a democracia exige a todos os políticos princípios democráticos, respeito pelo Estado de direito e pela opinião de todos, mesmo que não se concorde.

"Já afirmei publicamente que Luísa Salgueiro deveria colocar o lugar na ANMP à disposição por questões de foro judicial e fui criticado na altura pelo PS e não só em praça pública e, no final, a auditoria ao trabalho do Ministério Público veio cimentar a posição por mim defendida e afastar as críticas que me foram dirigidas", lamentou Bruno Pereira.

O social-democrata refere-se ao facto da socialista ter sido constituída arguida pelo Ministério Público no caso Operação Teia, investigado pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Porto, por suspeitas de violação das regras da contratação pública em dezenas de ajustes directos. Contactada pela Lusa, Luísa Salgueiro recusou reagir às críticas do PSD e numa acção em Matosinhos nesta segunda-feira recusou falar no assunto aos jornalistas que a questionaram.

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