Santana: “A popularidade de Marcelo não é contagiosa”

Candidato à liderança do PSD diz que obrigação do partido de viabilizar governos PS "é de anedota".

Foto
Santana rejeita a ideia de que tenha um discurso esvaziado Nelson Garrido/Arquivo

Foi por "incoerência" ou "oportunismo" que Pedro Santana Lopes escolheu anunciar já o apoio a uma eventual recandidatura presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa? O candidato à liderança do PSD respondeu esta noite numa entrevista à SIC: “A popularidade não é contagiosa. O professor Marcelo tem a sua popularidade. Não há hipótese de passar para mim, podem estar descansados. Eu é que vou ter de lutar pela minha e cada um luta pela sua”.

Pedro Santana Lopes foi, mais uma vez, confrontado com o passado. Primeiro com uma declaração de alguns anos em que garantia que não teria condições para ganhar eleições “nem que o vento mudasse 10 vezes”. Mudou graças a “alterações climáticas” – gracejou o candidato -, assegurando estar agora em “condições de ganhar a António Costa” que “perdeu o estado de graça”. Depois foi confrontado com algumas decisões ou episódios ligados ao Governo que liderou em 2004: a da ponte Trafaria-Algés e o afastamento do então comentador televisivo (e crítico de Santana) Marcelo Rebelo de Sousa da TVI. Em alguns casos, pediu que se olhe mais “para as suas obras” - na Figueira da Foz, em Lisboa e na Santa Casa - noutros desvalorizou a polémica, lamentando as consequências da declaração do seu então ministro Rui Gomes da Silva sobre o comentador Marcelo. Noutro caso ainda – sobre a demissão do então ministro Henrique Chaves – questionou: “Acha razoável [dissolver a Assembleia da República] por se demitir um ministro? Agora demitiram-se 14 [membros do Governo]!”.

O ex-primeiro-ministro não deixou passar em claro a divergência que mantém com Rui Rio sobre a estratégia do pós-legislativas de 2019. É sintomático discutir-se o cenário de derrota eleitoral? “Quem faz esse debate é o doutor Rui Rio”, acusou, argumentando que agora percebe porque é que o seu adversário receia a erosão do PSD: “Como muleta do PS, o PSD ia desaparecer”. Santana Lopes voltou à carga contra a tese defendida pelo ex-autarca do Porto de que é necessário manter a coerência e, se for preciso, viabilizar um Governo minoritário do PS. “Quando o PS forma Governo viabilizamos. Ganhamos eleições sem maioria, o PS fazia a frente de esquerda. Isto é de anedota”, criticou. Santana Lopes até antevê que a "geringonça" possa terminar se António Costa deixar de ser líder do PS e o seu sucessor vier “pedir desculpa” pela opção que fez o actual primeiro-ministro, voltando a respeitar o princípio da viabilização de governos minoritários. Mas reiterou: “Até lá e até cá governos e acordos de governo com o PS nós não faremos”.

O candidato à liderança do PSD rejeitou a ideia de que tenha um discurso esvaziado, tendo em conta a conjuntura económica favorável: “Eu é que vou esvaziar o discurso aos outros pelo que sei no social.” E puxou dos galões ao lembrar que ele é aquele que o Presidente da República disse ser quem mais sabe de sector social em Portugal. Já sobre a entrada de capital da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa no Montepio, o ex-provedor Santana Lopes não se assumiu nem contra nem a favor, fazendo depender a posição das condições que colocou e dos estudos que pediu.

Na pergunta final foi lembrada a Santana Lopes a gaffe que cometeu enquanto era secretário de Estado da Cultura e disse gostar do concerto para violino de Chopin, quando este compositor não tem peças para aquele instrumento. Já se consegue rir? “Então não?”, respondeu o aluno de piano. Não aprendeu a tocar Chopin – "eu sou mais música romântica" –, mas sabe pelo menos uma peça de Bach: “Vou aprendendo o que o professor me vai ensinando.”

Sugerir correcção
Ler 1 comentários