Um ano sem "o génio político". As homenagens a Mário Soares

António Costa elogiou o "homem exemplar". Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que não se pode deixar cair o sonho do antigo Presidente da República.

Foto
Mário Soares, aqui numa fotografia de 2012 REUTERS/Rafael Marchante

Um "génio político", um "homem exemplar", um "homem de diálogo" de sonhos utópicos, que deveriam ser realidade. Foi por estas palavras que Mário Soares foi caracterizado pelos mais altos responsáveis do país, neste domingo à tarde, quando se assinala um ano após a sua morte. 

António Costa, que não esteve no funeral do antigo Presidente da República, em 2017, por se encontrar numa viagem oficial à Índia, prestou agora homenagem ao "pai" do Partido Socialista. No seu discurso, o primeiro-ministro optou pelo lado mais político, dizendo que Soares "foi sempre um homem do seu tempo e as causas foram sempre as causas de cada tempo. Foi um homem exemplar. E um exemplo de génio político que alcançava o que parecia impossível alcançar. Foi um exemplo de político que, até ao fim, se assumiu como tal, consciente de que a política é uma das mais nobres, senão a mais nobre actividade humana", disse. 

Para o primeiro-ministro, um ano depois, Soares "está vivo nas memórias" porque "para homens como Mário Soares, a morte existe menos do que para os outros homens". E para respeitar a memória do antigo chefe de Estado, Costa afirma: "A nossa mais justa homenagem a Mário Soares é continuarmos o seu combate por um Portugal melhor. Cumprimos diariamente esse desígnio honrando as suas lutas. Sempre que lutamos por um Portugal mais desenvolvido e mais justo, homenageamos Mário Soares".

A ideia de um homem que sonhou o que era para muitos utópico foi a ideia-chave deixada pelo Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa, que fechou a homenagem a Soares no cemitério dos Prazeres, em Lisboa, recordou o trabalho do antigo Presidente pela liberdade, "a sua causa cimeira".

Lembrando a homenagem feita pelo povo há um ano durante o funeral de Estado, Marcelo repetiu o que foi sentido então – "obrigado por ter sido quem foi, por ter dado à liberdade, democracia e a Portugal o que deu". "Foi assim há um ano. Um ano depois, Mário Soares continua vivo."

O Presidente da República enumerou ainda os sonhos de Soares desde a liberdade em Portugal, como na Europa e no mundo. "É um sonho utópico, é um desafio impossível, é um programa inviável? Pode ser para muitos, mas não era para Mário Soares e não pode ser para nós", defendeu.

Antes, tinha ainda falado o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, que destacou "o homem de diálogo"."A tolerância não era para ele apenas uma palavra bonita, mas uma forma de estar na vida", disse. Na homenagem, Ferro Rodrigues puxou também pelo lado de político de Mário Soares que "não precisou de ser populista para ser popular". Garantindo por fim que "valorizarmos hoje as suas causas de sempre".

Para homenagear Mário Soares, a Câmara Municipal de Lisboa organizou uma exposição com fotografias de diversos fotógrafos portugueses. A exposição intitulada A cerimónia do adeus – o funeral de Estado visto pelos fotógrafos, estará na galeria de exposições temporárias da capela do cemitério dos Prazeres até 10 de Junho.

Antes dos políticos, tinham falado os dois filhos de Mário Soares, João e Isabel Soares. "Tenho saudades do meu pai. Tenho saudades dos meus queridos pais", terminou João Soares. Maria Barroso morreu ano e meio antes.

Sugerir correcção
Ler 4 comentários