Câmara de Santo Tirso “satisfeita” com anulação de passagem do hospital para Misericórdia

O Ministério da Saúde anunciou que decidiu anular a passagem dos hospitais de Santo Tirso e de São João da Madeira para a alçada das Santas Casas de Misericórdia locais.

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O Hospital de Santo Tirso Nelson Garrido

A câmara de Santo Tirso manifestou na segunda-feira "satisfação" pela decisão do Governo de anular a passagem do hospital para a alçada da Santa Casa de Misericórdia local, mas alertou para a necessidade de investir nesta unidade de saúde.

"Tínhamos receios de que algumas valências desaparecessem ou diminuíssem. Não está em causa o bom relacionamento entre a câmara e a Misericórdia, que vai continuar, mas entendíamos que estava em risco o acesso em igualdade ao Serviço Nacional de Saúde (SNS)", disse à agência Lusa o presidente da autarquia de Santo Tirso, Joaquim Couto.

Em comunicado, o Ministério da Saúde anunciou que decidiu anular a passagem dos hospitais de Santo Tirso e de São João da Madeira para a alçada das Santas Casas de Misericórdia locais, decisão tomada pelo anterior Governo PSD-CDS/PP.

Em Santo Tirso, distrito do Porto, está em causa uma unidade que integra o Centro Hospitalar do Médio Ave (CHMA), juntamente com a unidade de Famalicão, distrito de Braga. São atendidos nesse hospital utentes de Santo Tirso, bem como do concelho vizinho da Trofa.

A passagem tinha sido anunciada a 16 de Dezembro de 2014 mas a 12 de Dezembro último, ou seja quase com um ano de intervalo que coincidiu com trocas na tutela com o Governo PSD/CDS a ser substituído pelo PS, foi anunciado que o processo tinha sido suspenso, depois de a 18 de Novembro a Santa Casa de Misericórdia de Santo Tirso (SCMS) ter anunciado que passaria a gerir a unidade a 1 de Janeiro.

"Estamos satisfeitos. O Governo [referindo-se ao PS] revogou a homologação que tinha sido feita já depois do Governo [PSD/CDS-PP] ter caído. A homologação datava de 12 de Dezembro, quando Governo tinha caído a 10. Também ai sentíamos que havia algo que não estava muito correcto. Mas essencialmente parece-nos que a população de Santo Tirso e da Trofa fica mais bem servida mantendo-se com todas as prerrogativas no SNS", disse Joaquim Couto.

O autarca vincou que a sua principal preocupação era de que "algumas valências desaparecessem ou diminuíssem quando o hospital passasse para a Misericórdia" e revertido o processo, Couto não deixou de apelar a que a unidade de Santo Tirso seja agora "alvo de investimentos e de melhor apetrechamento".

"Como o hospital ia passar para a Misericórdia, desde há um ano para cá a degradação foi-se acentuando. Tomada esta decisão é necessário que esta administração ou outra e a Administração Regional de Saúde do Norte façam um esforço rápido para devolver a confiança à população relativamente ao hospital e por outro lado há um conjunto de recursos e também humanos que é necessário repor para que o hospital funcione em equilíbrio", descreveu.

Já o provedor da Santa Casa de Misericórdia de Santo Tirso, José Santos Pinto, também em declarações à agência Lusa, mostrou-se "muito desencantado" com esta situação, lamentando que "um processo que correu durante um ano e resultou num acordo homologado" seja "assim interrompido".

"Sentimos uma frustração profunda porque há investimentos feitos e compromissos assumidos", disse José Santos Pinto, revelando ter confiança de que por "acreditar no bom senso das pessoas" o processo poderá ter nova reversão, sendo que para o responsável "o mais importante que o hospital trabalhe com qualidade".

A Lusa contactou o CHMA mas não foi possível obter um comentário.

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