Caso de João Moura impulsiona iniciativa para ilegalizar corridas de cães

Iniciativa aproxima-se das 20 mil assinaturas necessárias para ser discutida na Assembleia da República. Cavaleiro tauromáquico foi detido por maus-tratos a animais.

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Iniciativa para acabar com corridas de cães em Portugal precisa de 20 mil assinaturas. TIAGO LOPES
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Galgos à espera de correr. TIAGO LOPES

A iniciativa legislativa de cidadãos pela proibição das corridas de cães em Portugal conta já com mais de 14.700 assinaturas e o número tem vindo a crescer após o caso que levou à detenção, na semana passada, do cavaleiro tauromáquico João Moura, por suspeita de maus-tratos a animais, na sequência de uma queixa anónima à GNR.

Apresentada no site da Assembleia da República em Outubro de 2019 pela SOS Animal, a iniciativa (ILC) foi impulsionada pela divulgação das imagens dos 18 cães resgatados da herdade de João Moura, que se encontravam em visível estado de subnutrição.

Se alcançar as 20 mil assinaturas, a ILC terá de ser discutida no Parlamento.

Ainda sobre o caso dos cães que foram resgatados, e que seriam utilizados em corridas, a presidente da SOS Animal, Rita Silva, exigiu em comunicado que as autoridades façam uma fiscalização aos restantes animais que ainda permanecem na herdade do cavaleiro, e que apreendam os que possam estar em risco.

No documento, Rita Silva diz que a organização “tomou conhecimento de que estes casos na herdade de João Moura não são de agora”, e apela ao auxílio do autor da denúncia-crime, prometendo o anonimato da mesma, para “fazer deste caso um caso exemplar” e para que “o sofrimento atroz daqueles cães não tenha sido em vão”.

A SOS Animal já tinha anunciado que se vai constituir assistente no processo criminal contra João Moura, que identifica como “o maior criador de galgos do país e um dos principais promotores de corridas de cães em Portugal”. 

Durante o fim-de-semana, a organização de voluntários Kate Friends, que presta ajuda a cães galgos abandonados e vítimas de maus-tratos, denunciou, através de um post na sua página de Facebook, que "há muitos anos” que faz “500 quilómetros para trazer bebés e adultos completamente anoréxicos deste senhor [João Moura] sempre neste estado”. A associação também apela ao fim das corridas de galgos, denunciando que tal só não aconteceu ainda "devido a interesses económicos e políticos, apesar das denúncias”.

A associação apela ainda à assinatura de outra petição pelo fim das corridas de cães em Portugal. 

Associações de tauromaquia condenam caso, mas rejeitam ligações

Entretanto, também a PróToiro, Federação Portuguesa de Tauromaquia, reagiu ao caso protagonizado por João Moura, declarando que "repudia qualquer acto ilegal que se comprove ter sido cometido” pelo cavaleiro.

Em comunicado, a PróToiro salvaguarda que “não se pode confundir uma pessoa com um sector” e que uma “tentativa de ligação entre os alegados comportamentos em causa com a tauromaquia, toureiros e aficionados é abusiva e de má-fé”. 

Também a Associação Nacional de Toureiros fez saber que repudia “qualquer ilícito que venha a provar-se ser cometido por João Moura ou qualquer outro cidadão” e que “não se confundem atitudes pessoais, que só a este dizem respeito, com a classe profissional a que pertence”. A organização apela a que se “aguarde o normal desenrolar do processo, bem como das investigações criminais e suas conclusões”. 

Artigo editado por Pedro Guerreiro

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