Mais 11 mortes em Portugal por covid-19. Casos sobem 1,1%

Há 366 novos casos de infecção — o maior aumento em termos numéricos em quase um mês. Há 20.079 pessoas recuperadas, mais 207 do que na terça-feira. Neste momento há 11.738 casos activos de infecção.

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Região de Lisboa continua a dominar os novos casos de covid-19 Manuel Roberto

Portugal regista, nesta quarta-feira, mais 11 mortes por covid-19, mais 0,76% nas últimas 24 horas, e 1447 vítimas no total. Há 366 novos casos confirmados de infecção, ou o equivalente a um crescimento de 1,1%, e um total de 33.261 casos confirmados em todo o país. Estes dados foram disponibilizados esta quarta-feira pela Direcção-Geral da Saúde (DGS).

Este é a maior taxa de crescimento registada desde 29 de Maio e o maior número de novos casos identificados em 24 horas desde o dia 8 de Maio (quando foram detectados 553 novos casos). Não é surpreendente: a directora-geral de Saúde já tinha avisado que este número poderia aumentar devido ao aumento da testagem, em particular em algumas empresas da região de Lisboa e Vale do Tejo. "Foram feitas mais de 3800 colheitas, 2800 feitas pelo INEM e mil pela ARS LVT. Do universo de 18.100 trabalhadores, cerca de 6 mil farão testes” esta quarta-feira, avançou o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, na conferência de imprensa diária da DGS.

Há ainda 20.079 pessoas recuperadas, mais 207 do que na terça-feira. Sabe-se, ainda, que há 428 pessoas internadas, das quais 56 estão em unidades de cuidados intensivos, continuando a “trajectória descendente” do número de pessoas internadas em Portugal, caracterizou o secretário de Estado da Saúde.

Neste momento há 11.738 casos activos de infecção, depois de se subtrair o número de mortes e de pessoas recuperadas ao número total de casos confirmados.

A taxa de letalidade global da doença é 4,4%, de acordo com os números divulgados pelo secretário de Estado, e é mais alta entre os doentes com mais de 70 anos: 17,2% (a mesma percentagem do que ontem).

Região de Lisboa com 335 novos casos em 24 horas

A região que concentra o maior número de novos casos positivos é a de Lisboa, com 335 novos casos identificados nas últimas 24 horas – ou 92% do total de novos casos identificados. Em termos cumulativos, a região da capital soma 11.828 casos identificados desde o início de Março.

A segunda região com maior número de casos é o Norte, com 15 novos casos. Olhando apenas para o número acumulado de casos, é esta a região que concentra um maior número de casos confirmados: são 16.804 desde que foram identificados os primeiros casos em Portugal.

No Centro foram identificados 12 novos casos, quatro no Algarve e um nos Açores.

De acordo com os dados da DGS, os concelhos que registaram maiores variações situam-se na região de Lisboa e Vale do Tejo: Sintra (45 novos casos), Lisboa (com 39), Amadora, Loures (ambos com 25 novos casos), Odivelas (21), Cascais, vila Franca de Xira (ambos com 14 novos casos) e Oeiras (dez casos).

Os números de novos casos estão directamente relacionados com o número de testes feito — quantos mais testes, maior a probabilidade de se encontrarem casos positivos, mesmo que não tenham sintomas. Afinal, Portugal é o sétimo país da Europa que mais testa e, como coloca Lacerda Sales, “quem mais testa mais encontra”. 

“A estratégia que estamos a desenvolver na região de Lisboa e Vale do Tejo tem a ver precisamente com isto. Com o esforço que estamos a fazer para testar cada vez mais e nos focos [de infecção]. Os resultados são proporcionais a este esforço de testagem”, disse.

De acordo com António Lacerda Sales, já foram realizados mais de 860 mil testes desde Março. "No mês de Abril foi feita uma média de 11.500 testes por dia, em Maio a média foi de 13.550 cinquenta testes por dia e na última semana a média ronda os 13.500 testes por dia. Até à data e relativamente aos hospitais do SNS, o Norte foi a região onde foram feitos mais testes, 40%, seguido da região de Lisboa e Vale do Tejo com 25% dos testes, Centro com 14% e os restantes testes distribuídos pelas regiões do país e ilhas”, avançou.

“É evidente que estamos a incidir a nossa acção essencialmente em Lisboa e Vale do Tejo e nos referidos focos. Posso dizer que no dia 2 de Junho, ontem, o INSA [Instituto Nacional De Saúde Dr Ricardo Jorge] processou 909 amostras das quais 850 eram negativas e 59 positivas, cerca de 6% de resultados positivos”, afirmou o secretário de Estado da Saúde.

Sobre os testes serológicos e do campo da imunidade da população portuguesa que estão a ser conduzidos pelo INSA, Lacerda Sales disse que dentro de três semanas serão concluídos os estudos de campo, ou seja, a recolha de amostras. Os resultados terão de ser depois analisados e processados. “Espera-se que 45 dias depois disso [depois dessas três semanas], os resultados preliminares possam ser divulgados e depois, claro, os definitivos”, disse.

Portugal vai receber 443 ventiladores até sábado

Sobre os ventiladores que foram comprados à China em Março, António Lacerda Sales disse que deverão chegar esta quarta-feira a Portugal 108 desses aparelhos, e que se prevêem que até 6 de Junho, este sábado, cheguem mais 335 em voos sequenciais. “Estes 443 ventiladores que se encontravam na embaixada da República Portuguesa em Pequim juntam-se assim aos 264 que já estão em território nacional, num total de 707 equipamentos, ou seja, 61% total das compras efectuadas”, disse o secretário de Estado da Saúde.

Lacerda Sales disse ainda que o Ministério da Saúde adquiriu, no total, 1151 aparelhos de forma a duplicar a sua capacidade de ventilação para doentes internados em cuidados intensivos, algo que o responsável rotulou como “um grande esforço e reforço da capacidade de resposta” do país. “Será útil não só numa possível nova vaga como também para o futuro”, afirmou. “Não só não temos ventiladores perdidos como também não perdemos o rumo da nossa estratégia de combate a esta pandemia. [Tomámos] As melhores decisões de acordo com a evidência científica disponível.”

Regresso dos adeptos aos estádios dependerá da evolução da epidemia

O regresso dos adeptos aos estádios dependerá da evolução da epidemia nos próximos dias e semanas, uma vez que a situação epidemiológica “continua instável”, lembrou Graça Freitas.

“Diria que em relação ao regresso ao futebol hoje é o grande dia da prova de civismo que temos de dar e volto a dizer que foi muito importante para o país retomar a liga de futebol. Portanto, hoje está nas mãos de todos que a jornada corra de forma tranquila e sem riscos para a saúde pública para continuarmos a ter os jogos e o campeonato”, avançou a directora-geral da Saúde.

Questionada sobre a possível realização da Volta a Portugal em Bicicleta, Graça Freitas disse que a DGS teve uma reunião com a Federação Portuguesa de Ciclismo e outros dirigentes e que ficou acordado que esta faria chegar um documento de auto-regulação com aquilo que se propõe a fazer do "ponto de vista preventivo e reactivo” no caso de se realizar a Volta a Portugal e outras provas de ciclismo.

Graça Freitas afirma que quando o plano chegar à DGS “será analisado”, mas lembrou que essa “decisão ultrapassa” a entidade, que apenas dará a sua opinião sobre o parecer. A decisão final será do Governo.

Na terça-feira, havia em Portugal 32.895 casos confirmados, 1436 mortes e 19.869 casos recuperados. Estes são os dados acumulados desde 2 de Março, quando se registaram os primeiros casos.

Em todo o mundo, registam-se mais de 6,4 milhões de casos confirmados, mais de 380 mil mortes e 2,7 milhões de recuperados. Os países mais atingidos pela pandemia são os EUA (com 1,8 milhões de casos confirmados), Brasil (com 555 mil) e Rússia (com 431 mil).

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