Covid-19: mais 14 mortos e 200 casos positivos no país. Não há novos casos de infecção na região norte

Sabe-se ainda que 19.552 pessoas foram dadas como curadas, mais 143 do que no domingo.

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Miguel Manso

Portugal regista, nesta segunda-feira, mais 14 mortos por covid-19 – o equivalente a um aumento de 0,99% face aos valores registados no domingo —, somando-se, no total, 1424 vítimas. A taxa de letalidade da doença é, nesta segunda-feira, de 4,4%. Há mais 200 casos positivos, ou mais 0,6% do que no dia anterior, num total de 32.700 casos confirmados desde Março. É a percentagem de crescimento mais baixa desde a segunda-feira da semana passada.

Sabe-se ainda que 19.552 pessoas foram dadas como curadas, mais 143 do que no domingo. Estão internadas 471 pessoas e, dessas, 64 estão em unidades de cuidados intensivos. Os dados constam do boletim epidemiológico actualizado diariamente pela Direcção-Geral da Saúde.

Feitas as contas, há 11.724 infecções activas em Portugal. Este valor é calculado tendo por base o valor acumulado dos casos confirmados e subtraindo os óbitos e recuperados. 

A região norte não registou qualquer novo caso de infecção nas últimas 24 horas – é a segunda vez que isso acontece (a primeira foi a 10 de Março, quando a região registava 27 casos positivos). No entanto, entre domingo e segunda-feira morreram sete pessoas na região. O Norte continua a ser a região que soma um maior número acumulado de casos positivos: são 16.760 desde Março, quando se registaram os primeiros casos positivos em Portugal.

A seguir surge a região de Lisboa e Vale do Tejo, onde se localizam vários focos activos de infecção, com um total acumulado de 11.335. Esta região precisa de “especial atenção” por causa do “número significativo de novos casos”, caracterizou a secretária de Estado adjunta e da Saúde, Jamila Madeira, durante a conferência de imprensa diária de actualização dos números. A estratégia será testar, rastrear, quebrar cadeias de transmissão e “reforçar meios e capacidades em rede”.

“Conforme assumimos desde o início, a estratégia do país passaria sempre por uma atenta vigilância da evolução da epidemia e das diferentes circunstâncias das realidades em cada território e na adequação de respostas sempre que necessário. Isto também se passa em particular e neste momento com a situação de Lisboa e Vale do Tejo. Como sabemos, face à evolução dos dados, foi nesta região, em particular na Área Metropolita da Lisboa, que o Governo adoptou um plano específico iniciado neste fim-de-semana”, avançou Jamila Madeira, sublinhando ainda que há uma forte intervenção no terreno do INEM, do INSA (Instituto Nacional De Saúde Dr. Ricardo Jorge) e de todos os laboratórios que têm trabalhado com a Direcção-Geral da Saúde. Estes laboratórios, em conjunto, permitem uma capacidade de testagem de até sete mil testes por dia.

Olhando para a informação por concelhos, percebe-se que é o concelho de Lisboa que mais casos soma (são 2409), seguido de Vila Nova de Gaia (1567) e Porto (1357). Os maiores aumentos diários registaram-se em Loures (mais 23 casos), Amadora (mais 21 casos), Cascais (mais 13 casos), Oeiras (mais 11 casos) e Odivelas (mais nove casos).

“A batalha não está ganha”

Com o objectivo de “trazer os indicadores” da região de Lisboa e Vale do Tejo para números que considera “mais adequados”, Jamila Madeira deixou um apelo a todos os portugueses, em especial aos que vivem naquela região. “É imperativo desconfinar com segurança e distância social para que consigamos seguir em frente com bons resultados. Uma coisa é importante sublinhar: só fomos capazes de dar uma resposta forte à contenção da propagação deste vírus porque fomos capazes de colectivamente assumir este determinante compromisso cívico de sermos responsáveis nas nossas atitudes e comportamentos”, referiu Jamila Madeira, dizendo ainda que “a batalha não está ganha”.

Em relação à imunidade da população, Graça Freitas disse que a covid-19 tem poucos meses e que já se sabe que alguns cidadãos têm anticorpos, o que não se sabe ainda é qual o nível de anticorpos protector. “Para se ter protecção, a imunidade, não basta ter anticorpos, temos de ter um determinado título de anticorpos. E mesmo tendo-o, depois temos de saber como é que ele se mantém. Em alguns vírus eles vão diminuindo ao longo do tempo”, explicou a directora-geral da Saúde.

“No que diz respeito à imunidade, ainda temos de aprender muita coisa. Temos de aprender quais são os bons testes, o que é que esses testes nos dão em termos de presença e ausência de anticorpos, qual é o título, ou seja, a quantidade necessária, de anticorpos para ser protector, e quanto tempo essa protecção vai durar”, disse Graça Freitas.

Portugal não vai testar casos de pneumonia que aconteceram antes da epidemia

Questionada sobre os casos de recuperação que depois voltam a ter resultado positivo ao teste à covid-19, Graça Freitas disse que pode existir ADN do vírus no tracto respiratório e que talvez seja por isso que o teste volta a dar positivo. “Algumas pessoas têm alta, recuperam, têm um teste negativo e voltam à sua vida. Mais tarde, noutros contextos, são novamente testadas e têm resultado positivo. Isso não quer dizer que tenham no tracto respiratório vírus capaz de causar doença ou de contagiar outras pessoas. Não significa uma recaída ou nova doença, nem que essa pessoa transmita, são dois fenómenos diferentes”, explicou a directora-geral da Saúde.

Sobre testar pessoas que foram diagnosticadas com pneumonia em Dezembro para perceber se estavam já infectadas com o novo coronavírus, procedimento que está a ser realizado, por exemplo, em França, Graça Freitas disse que, de acordo com a OMS, “fica ao critério de cada país”. “Sem prejuízo de se poder fazer investigação retrospectiva, que é o que se faz muitas vezes quando as epidemias acabam, agora estamos interessados em andar para a frente e fazer investigação prospectiva”, referiu, avançando que a prioridade agora é controlar os novos casos dos últimos dias, isolá-los e encontrar cadeias de transmissão. Graça Freitas não negou, no entanto, que este tipo de estudos venha a ser feito no futuro para “efeitos da ciência e para perceber melhor a doença”.

Não estão planeados segundos testes aos profissionais das creches

Sobre o regresso das crianças às creches, a directora-geral da Saúde diz que não foi reportada nenhuma “situação anómala”, mas realçou, no entanto, que nem todas as crianças voltaram porque têm um dos pais ou um dos cuidadores em casa.

Questionada sobre se os profissionais das creches serão testados novamente, Graça Freitas disse que não estão planeados segundos testes a funcionários e educadores já que, depois dos testes, os trabalhadores devem proteger-se e reforçar os cuidados de higiene, distanciamento social e etiqueta respiratória. “Têm uma responsabilidade acrescida para se protegerem”, referiu.

Para assinalar o Dia Mundial da Criança, que se celebra nesta segunda-feira, Graça Freitas voltou a apelar à vacinação e reforçou que os centros de saúde estão prontos para que este processo decorra em segurança. A responsável disse ainda que não existe motivo para que a vacinação não ocorra, mas incentivou os pais a fazerem marcação antes de se dirigirem aos centros de saúde para evitar ajuntamentos.

A directora-geral da Saúde disse também que todas as crianças têm direito a “brincar, a aprender e a divertir-se” e que estas actividades devem ser incentivadas desde que sejam feitas em segurança. “[As crianças] podem ser levadas a passear ao ar livre, a fazer jogos, a ir à praia, a conviver com os mais velhos, desde que mantenham a etiqueta respiratória, a distância física, a máscara. Devem aprender a demonstrar afectos de outras formas, cantando com os avós, brincando, mas evitando contacto físico”, sublinhou Graça Freitas. 

No domingo, registavam-se em Portugal 32.500 casos confirmados, 1410 mortos e 19.409 casos recuperados.

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