F16 da Força Aérea ajudam segundo avião em emergência em menos de 24 horas

Caças levantaram voo da base aérea de Monte Real, Leiria, para apoiar um avião da companhia aérea holandesa Transavia que declarou emergência após descolar do Funchal.

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Marian Lockhart/Boeing/Arquivo

Os caças da Força Aérea Portuguesa (FAP) ajudaram esta segunda-feira um avião da companhia holandesa Transavia, que declarou emergência após descolar do Funchal, segundo um comunicado da FAP. A bordo iam 149 passageiros. O incidente deu-se menos de 24 horas depois de a Força Aérea ter apoiado um avião da companhia aérea do Cazaquistão Air Astana, com seis tripulantes a bordo, que teve “falha crítica nos sistemas de navegação e controlo de voo”.

Em comunicado, a Força Aérea revelou que activou nesta segunda-feira “a parelha de F16M, em alerta permanente na Base Aérea N.º 5 (Monte Real), para assistir uma aeronave da companhia aérea holandesa Transavia, que declarou emergência após descolar do Funchal”.

O Boeing 737 da Transavia, que transportava 149 passageiros, “comunicou problemas de pressurização quando fazia a ligação com Amesterdão, tendo divergido e aterrado em segurança no Aeroporto de Faro pelas 12h51”, adiantou a Força Aérea, acrescentando que o “voo foi escoltado pelas aeronaves F16” que saíram da base de Monte Real, em Leiria. A Força Aérea activou ainda “todo o seu sistema primário de busca e salvamento, no decurso da ocorrência”. 

Numa nota escrita, a Transavia, sem nunca mencionar a palavra “emergência”, ao contrário da Força Aérea, diz que o envolvimento dos F16 “foi parte de um treino/exercício” dos militares. De acordo com a companhia aérea, o avião levava 144 pessoas a bordo e teve de divergir para Faro para ser alvo de uma “inspecção técnica” após um “toque de cauda” no momento da descolagem no Funchal.

Porém, a Força Aérea Portuguesa (FAP) garantiu que a descolagem de dois F-16 para assistir a aeronave da Transavia foi exclusivamente para prestar assistência, recusando tratar-se de um exercício militar como alega a companhia holandesa. "Os F-16 foram activados porque houve necessidade de tal suceder. Os F-16 descolaram, exclusivamente, para dar assistência à aeronave, não se tratou de qualquer exercício militar", disse à agência Lusa o porta-voz da FAP, tenente-coronel Manuel Costa.

“Devido a este incidente a aeronave precisou de uma inspecção (algo que é um procedimento natural) por precaução, no aeroporto mais perto, que era o de Faro”, explica a empresa. Devido ao que diz ser um “alerta técnico”, o avião não podia voar a mais de 10.000 pés e teve de reduzir a velocidade para cerca de 250 nós. Depois da inspecção, o avião seguiu o seu percurso, “com um atraso de cerca de duas horas e meia”, aterrando no aeroporto de Schiphol (Amsterdão) às 17h15 locais. “Apesar do atraso, passageiros e tripulação estão bem”, destaca a transportadora.

Peritos recolhem informação

Contactado pelo PÚBLICO, o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) adiantou que foi notificado do incidente desta segunda-feira e “está a recolher a informação necessária para avaliar sobre a eventual abertura de uma investigação de segurança”.

Entretanto, fonte da ANA - Aeroportos de Portugal disse à agência Lusa que a aterragem do Boeing 737 em Faro "correu normalmente" e é uma "situação que acontece em todos os aeroportos".

De acordo com a Lusa, que cita informação publicada no sítio de Internet FlightRadar 24 (que monitoriza os voos em tempo real), a aeronave partiu de Faro com destino a Amesterdão às 13h51, aproximadamente uma hora depois da aterragem de emergência.

Força Aérea “estava preparada”

Na sua conta oficial no Twitter, o ministro da Defesa, João Cravinho, deu conta de mais esta missão. “Um voo comercial do Funchal para Amesterdão, com 149 pessoas a bordo, sofreu hoje uma despressurização e aterrou em segurança no aeroporto de Faro. É muito raro ter duas emergências em dois dias, mas a FAP estava preparada”, escreveu.

“Esta é a segunda vez que a Força Aérea activa a parelha de F16 para escoltar uma aeronave civil em dificuldades em menos de 24 horas”, salientou também o comunicado da FAP, referindo-se ao apoio dado este domingo ao avião da companhia aérea do Cazaquistão Air Astana, com seis tripulantes a bordo, que teve “falha crítica nos sistemas de navegação e controlo de voo”.

O avião da Air Astana levantou de Alverca, onde esteve em reparação. O primeiro pedido de ajuda ocorreu pouco antes das 13h30, quando o piloto entrou em contacto com os controladores aéreos do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, pedido para amarar no mar.

A Força Aérea Portuguesa acabaria por ser accionada e, em 18 minutos, dois caças F16 colocaram-se ao lado do Embraer cazaque, acompanhando-o durante “cerca de uma hora” até ao aeroporto de Beja. O avião aterrou à terceira tentativa.

De acordo com a NAV, empresa pública responsável pela gestão do espaço aéreo no território português, a opção de não aterrar o avião no mar ou no rio foi do piloto do avião ao serviço da Air Astana. “A decisão, neste caso concreto ou noutra situação análoga, é sempre da tripulação”, afirmou ao PÚBLICO fonte oficial da NAV.

Na sequência de um pedido de entrevista à controladora aérea que esteve em contacto com o avião, a mesma fonte referiu que todos os profissionais da empresa “estão treinados para acompanhar situações semelhantes às vividas ontem [domingo] pelo que não existe qualquer situação de excepção no seu desempenho profissional”. Com Mariana Oliveira e Luís Villalobos

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