Foi parar ao Lidl a droga que vendiam e o casal condenado a pena de prisão

Encomendas com substâncias psicoactivas eram expedidas da Lourinhã para vários pontos do mundo por dupla polaca.

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FERNANDO VELUDO

As misteriosas encomendas começaram a chegar à sede dos supermercados Lidl, em Sintra, logo a seguir ao Natal de 2016. Lá dentro vinham pacotes de café e chás de baunilha, limão e outros aromas. Mas apesar de hermeticamente fechadas, as embalagens tinham um conteúdo bem mais estimulante do que aquele anunciado no rótulo: pastilhas de LSD e várias outras substâncias psicotrópicas. Vinham devolvidas de França, da Croácia, da Albânia e dos EUA, entre muitos outros países, por terem no destinatário moradas incorrectas ou desconhecidas.

No remetente das encomendas aparecia uma empresa de chás e cafés intitulada Lord Nelson com a morada da sede portuguesa da cadeia de supermercados, no Linhó. Mas como nenhum funcionário se acusava de ter expedido os pacotes foi chamada a Polícia Judiciária, para deslindar o mistério.

Três meses depois, estava a Primavera estava a começar, as autoridades fizeram uma visita à casa de um casal polaco que morava na Atouguia da Baleia, na Lourinhã com a filha. E depararam com um autêntico laboratório artesanal de drogas sintéticas. Até no quarto da filha do casal, ele com 40 e ela com 34 anos, foram encontrados estupefacientes e utensílios ligados ao negócio, como balanças. Os bidões maiores para preparar as misturas estavam numa garagem anexa à casa. Também foi encontrada cocaína. E cafeína, que usavam para fazer render a droga, como produto de corte.

As estações dos correios da região da Lourinhã perderam dois bons clientes nesse dia: Sylvia e Grezegorz nunca mais lá voltaram para expedir dezenas e dezenas de encomendas, como era costume fazerem. Ficaram em prisão preventiva nas cadeias de Tires e de Lisboa. Segundo a acusação, faziam as transacções na darknet, o ramo da Internet por onde correm os negócios escuros, e recebiam os pagamentos em bitcoins. Para converter a moeda virtual em dinheiro real recorriam a um site que lhes permitia branquear os lucros. Segundo a Polícia Judiciária, foram protagonistas da primeira apreensão de bitcoins em Portugal, num montante equivalente a 14 mil euros.

O Lidl era apenas uma morada que punham no remetente, para não colocarem a sua. O casal conhece a sentença esta quinta-feira no Campus da Justiça, em Lisboa, local onde esteve a ser julgado.

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