Mais grávidas portuguesas procuram aconselhamento sobre o vírus de Zika

Únicos casos em Portugal foram detectados em seis pessoas que tinham regressado do Brasil, nenhuma delas grávida.

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Os riscos de microcefalia são um dos problemas do vírus Paulo Pimenta

Em Portugal, até ao momento, os únicos seis casos de infecção pelo vírus de Zika foram diagnosticados em pessoas que tinham regressado recentemente do Brasil e em nenhuma das situações a doença atingiu grávidas – uma população considerada de risco, uma vez que alguns estudos apontam para que esta infecção possa provocar alterações no feto durante a gravidez, em especial microcefalia. A informação foi confirmada ao PÚBLICO pelo director-geral da Saúde, Francisco George, que remeteu mais informações para uma nova nota da Direcção-Geral da Saúde (DGS) onde recomenda que "as grávidas não se desloquem, neste momento, para zonas afectadas. Caso tal não seja possível, devem procurar aconselhamento em Consulta do Viajante e seguir rigorosamente as recomendações dadas".

Após os alertas das autoridades de saúde, aumentou o número de contactos relacionados com a doença, nomeadamente junto do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) da Universidade Nova de Lisboa. Contactado pelo PÚBLICO, o IHMT confirmou que durante a última semana aumentou o número de chamadas que receberam de pessoas com dúvidas sobre a doença, em especial grávidas com viagens marcadas para breve. O instituto está a encaminhar as pessoas para a consulta do viajante e para a Linha Saúde 24 (808 24 24 24), lembrando que a própria Organização Mundial de Saúde recomenda que, neste momento, as mulheres grávidas evitem as deslocações para as zonas afectadas. O PÚBLICO tentou obter junto da Linha Saúde 24 dados sobre os pedidos relacionados com o vírus de Zika, sem sucesso.

O vírus transmite-se através da picada de mosquitos infectados, o que significa que “não se transmite de pessoa a pessoa”, segundo a DGS, que informou que “os sintomas e sinais clínicos da doença são, em regra, ligeiros: febre, erupções cutâneas, dores nas articulações, conjuntivite, dores de cabeça e musculares. Com menor frequência, podem ainda ocorrer dores nos olhos e sintomas gastrointestinais”.

As pessoas que regressem dos países afectados e que desenvolvam estes sintomas até 12 dias depois da viagem devem contactar a Linha Saúde 24 e referir o local onde estiveram. Só no caso das grávidas deve haver contacto com o médico de família ou médico assistente, mesmo sem sintomas. Até agora foram notificados casos de doença pelo vírus de Zika em vários países, como Brasil, Cabo Verde, Colômbia, El Salvador, Fiji, Guatemala, México, Nova Caledónia, Panamá, Paraguai, Porto Rico, Samoa, ilhas Salomão, Suriname, Vanuatu, Venezuela, Martinica, Guiana Francesa e Honduras.

Já no local de destino, reforça a DGS, os portugueses devem seguir as recomendações das autoridades locais e protegerem-se contra a picada de mosquitos, tanto utilizando vestuário adequado como repelentes (o que, no caso de crianças e grávidas, depende da recomendação médica). Além disso, por precaução, a DGS recomenda a utilização de redes mosquiteiras e a escolha de “alojamento com ar condicionado”. Também o Portal das Comunidades Portuguesas divulgou nesta semana um alerta sobre o Zika, recordando muitas das recomendações já feitas pela DGS.

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