Ministro da Educação: "Há ainda um longo caminho pela frente"

Tiago Brandão Rodrigues diz, em respostas por escrito ao PÚBLICO, que é preciso garantir que os alunos fazem o ensino secundário em "efectiva igualdade de oportunidades e não numa via segregada que os condena ao insucesso, como era o caso dos cursos vocacionais".

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O ministro da Educação diz que apostou numa "abordagem preventiva" Nelson Garrido

Só 37% dos alunos conseguiram no ano passado chegar ao fim do secundário sem chumbos pelo caminho. Estando a aproximar-se o final da legislatura, conta ainda fazer alguma coisa face a esta realidade?
O sucesso escolar tem vindo a aumentar na exacta medida em que as taxas de retenção têm vindo a diminuir, de forma significativa, nos últimos anos, tendo as nossas políticas dado um contributo importante nesse sentido. Destaco o Programa Nacional para a Promoção do Sucesso Escolar como grande artífice desta orientação da escola para o sucesso, mas também o trabalho de afincamento das orientações curriculares e de expansão da flexibilidade e autonomia das escolas. É verdade que essa evolução tem sido mais notória no básico do que no secundário, mas o trabalho em curso tem tido como prioridade o início da escolaridade.

Na promoção da excelência educativa, do sucesso para todos com equidade entre todos, faz especial sentido privilegiar a intervenção precoce e garantir que todos os alunos frequentam o ensino secundário, algo que não era um dado adquirido. E garantir que o fazem em efectiva igualdade de oportunidades e não numa via segregada que os condena ao insucesso, como era o caso dos cursos vocacionais.

Agora, há ainda um longo caminho pela frente. Aprovámos em 2018 novas orientações sobre flexibilidade curricular e educação inclusiva, estando agora a aprofundar o trabalho em questões específicas que foram detectadas como nevrálgicas, caso da Matemática.

No seu programa de promoção do sucesso escolar, apostou sobretudo nos anos iniciais do 1.º ciclo. Já há resultados?
Apostámos numa abordagem preventiva porque importa orientar os percursos educativos para o sucesso desde o seu início e de forma estrutural, e não apenas a meio ou, muito menos, no seu fim e de forma pontual. Por isso, privilegiamos o ensino básico e, dentro deste, os anos iniciais.

Os últimos dados, de 2016/2017, dão conta que mais de 5% das escolas têm taxas de retenção no 2.º ano iguais ou superiores a 30%. Em 23 escolas são de 100%...
Devemos não esquecer que são dados do primeiro ano deste programa e é precipitado extrair conclusões, especialmente quando estes dados abordam o insucesso no 2.º ano. Isto porque, mesmo que a intervenção tenha começado no início do ciclo, ela só terá resultados, no mínimo, passados dois anos. A verdade é que todos os dados têm revelado uma diminuição gradual do insucesso dos alunos. Sendo certo que, sobretudo no 1º ciclo, em que temos vários milhares de escolas, é difícil que todas façam progressos equivalentes, mas a verdade é que o progresso tem sido consistente e significativo.

Com a aposta na flexibilidade curricular, estamos a trabalhar com cada agrupamento para que se encontre a solução pedagógica mais adequada e inclusiva, de acordo com cada contexto local. 

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