Zika: DGS diz que transmissão por via sexual "ainda não é motivo de preocupação"

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É o mosquito Aedes aegypti que transmite o vírus Zika REUTERS/Jaime Saldarriaga

A subdirectora-geral da Saúde, Graça Freitas, considerou nesta quarta-feira não haver “motivos para preocupações adicionais” na sequência da confirmação pelos EUA de casos de transmissão do vírus Zika por via sexual.

“Neste momento, não há nenhum motivo especial de preocupação. Já aconteceu com outros vírus da mesma família, como a dengue. Não há, para já, nenhum tipo de preocupação adicional. Há motivo sim para continuar a investigar”, disse à agência Lusa Graça Freitas.

Os Estados Unidos reportaram na terça-feira um caso em que o vírus Zika se transmitiu sexualmente, aumentando o temor de uma propagação rápida da doença, suspeita de causar malformações no cérebro de fetos.

“O vírus já tinha sido identificado nos EUA. Agora, as autoridades confirmaram que foi detectado o vírus no sémen de dois homens, mas isso comparado com os milhares de pessoas que são infectadas pela via do mosquito é muito diferente. O risco de transmissão é reduzido. Obviamente, se continuarem a detectar-se mais casos tem de fazer mais investigação e mais estudos”, salientou.

No que diz respeito a uma possível vacina, Graça Freitas disse que existem várias hipóteses: no Canadá e num consórcio entre Brasil e EUA.

“Isto é um movimento normal quando há grande expressão da doença, mas o fabrico leva o seu tempo. A vacina tem de ser eficaz mas também tem de ser segura”, disse.

O vírus Zika é transmitido aos seres humanos pela picada de mosquitos infectados e está associado a complicações neurológicas e malformações em fetos.

De acordo com a subdircetora-geral da Saúde, este vírus é um problema grave para países que têm o mosquito e um clima tropical.

“Nós, aqui, estamos mais descansados. Podemos ter casos importados. Alguns nunca serão detectados, porque as pessoas que são infectadas noutros países não apresentam sintomas e o vírus acaba por desaparecer”, disse.

Contudo, Graça Freitas referiu que a questão nas grávidas é diferente e, enquanto a ciência não tiver mais respostas, as viagens para os países que têm o mosquito são desaconselhadas.

“Em Portugal, foram detectadas seis pessoas com o vírus. Quatro no ano passado e duas este ano. São casos importados”, adiantou.

Quanto à ilha da Madeira, Graça Freitas disse que o mosquito está circunscrito a certas zonas, estando as autoridades regionais a analisar e a tentar controlar a situação.

Por causa da epidemia, os ministros da Saúde do Mercosul, mercado comum do continente sul-americano, o mais afectado pelo vírus, vão reunir-se nesta quarta-feira para avaliar a situação epidemiológica em relação a doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.

A Cruz Vermelha apelou para que sejam feitos donativos para a luta contra a epidemia, que pode ser potencialmente perigosa para mulheres grávidas.

Até agora, foram detectados casos de infecção com vírus Zika na América Latina, África e Ásia.

“A única maneira de impedir o vírus Zika é controlar os mosquitos ou parar completamente o seu contacto com os seres humanos, acompanhando esta acção para reduzir a pobreza”, referiu, em comunicado, a Cruz Vermelha.

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