Delegação da PIDE-DGS no Porto
A delegação portuense da polícia política ficava na esquina da Rua do Heroísmo com o Largo de Soares dos Reis, aproveitando uma residência familiar de finais do século XIX, onde hoje está instalado o Museu Militar do Porto. À entrada, tal como na sede de Lisboa, estava escrita a frase “nós havemos de chorar os mortos, se os vivos o não merecerem”. Em 6 de Agosto de 1962, Silva Marques, funcionário comunista e após o 25 de Abril deputado do PSD, fugiu das instalações. Outra fuga foi a de Hermínio da Palma Inácio, em 1969. No dia 26 de Abril de 1974, foram lá encontradas pastas com processos individuais numerados até 53.067 e um ficheiro de 80 gavetas. Os agentes que se encontravam nas instalações foram deixados em liberdade pelas forças militares que ocuparam as instalações.
Delegação da PIDE-DGS em Coimbra
A última delegação da polícia política em Coimbra foi na Rua de Antero de Quental, em instalações hoje ocupadas por um hotel. Tinha como raio de acção os distritos de Coimbra, Viseu, Guarda, Castelo Branco, parte de Leiria e Aveiro, as fronteiras de Vilar Formoso e Segura, bem como o posto de vigilância do Entroncamento, ocupando-se de investigações de emigração clandestina e de índole política não relacionadas com o PCP. As investigações sobre a actividade dos comunistas eram encaminhadas para o Porto e Lisboa.
Forte de Peniche
Em 1934, quando a PVDE [Polícia de Vigilância e Defesa do Estado, antecessora da PIDE] ganhou atribuições prisionais, o Forte de Peniche começou a receber presos políticos. A partir de 1945, fica sob a alçada do Ministério da Justiça e só é utilizado para os condenados a prisão maior, a partir de dois anos. Teve obras sucessivas nas décadas de 50 e 60 do século passado, mas as suas condições prisionais eram péssimas. A 25 de Abril de 1974 estavam ali detidos 35 presos. A fuga mais célebre foi a ocorrida na noite de 3 de Janeiro de 1960, dos comunistas Álvaro Cunhal, Joaquim Serra, Joaquim Gomes, Rogério de Carvalho, Francisco Martins Rodrigues, José Carlos, Guilherme Carvalho, Carlos Costa e Pedro Soares e do militar da GNR José Alves.
Forte de Caxias
O Forte de Caxias começou a ser utilizado como estabelecimento prisional em 1916, mas, com a implantação do Estado Novo, passou a prisão política e, a partir de 1945, a cárcere sob a tutela da PIDE. Em 1965, recebe os presos do Aljube e a partir de 1970 funciona como prisão privativa e preventiva ligada ao processo de investigação da Direcção-Geral de Segurança, como foi rebaptizada a PIDE por Marcello Caetano. A 25 de Abril de 1974 estavam detidos em Caxias, a maior das prisões da ditadura, 70 homens e nove mulheres. Mas as fortes medidas de segurança não obviaram a uma fuga que ficou na história. Às 9h35 de 4 de Dezembro de 1961, num Chrysler blindado que fora utilizado por Salazar e estava estacionado no pátio, fugiram os funcionários do PCP Domingos Abrantes, José Magro, Francisco Miguel, António Gervásio, Guilherme de Carvalho, Ilídio Esteves e Rolando Verdial e o motorista da Carris António Tereso.
Forte de são João Baptista,
Açores
Durante a I Guerra Mundial foi utilizado como “Depósito de Concentrados”, alemães obrigados a permanecer em Portugal após a declaração de guerra à Alemanha. Antes, desde 1896 até à sua morte em 1906, foi o local de detenção do régulo Gungunhana, que se opôs à autoridade colonial em Moçambique. Como prisão política do Estado Novo, é criado, em 1933, um presídio militar e, dez anos depois, o “depósito de Presos de Angra”. Lá estiveram presos, ao mesmo tempo, o pai de Mário Soares, João Lopes Soares, e o futuro sogro do ex-Presidente, capitão Alfredo Barroso.
Forte de Stº António da Barra,
São João do Estoril
Instalações em São João do Estoril utilizadas como residência de Verão de Salazar. Em 3 de Agosto de 1968, o ditador caiu de uma cadeira de repouso e foi substituído, em 18 de Setembro, na presidência do Conselho de Ministros por Marcello Caetano.
Sede da PIDE-DGS
Desde 1954 que a polícia política – a 25 de Abril DGS, anteriormente PIDE – tinha a sede na Rua de António Maria Cardoso, e instalações em Sete Rios, a Escola Técnica da Polícia, e no reduto sul do Forte de Caxias, onde estavam os serviços de investigação. Anteriormente à PIDE/DGS, a sua antecessora PVDE (1933/45) teve sedes na Rua de Serpa Pinto e no Largo da Trindade. Em 1974, o ficheiro-geral da Rua de António Maria Cardoso tinha cerca de três milhões de fichas individuais, correspondentes a 1,2 milhões de pessoas. Na noite de 25 de Abril, cercados pela tropa revoltosa e por circunstantes, agentes da PIDE atiraram à queima-roupa, provocando a morte de quatro civis e de um militar e 45 feridos. Actualmente, as ex-instalações da polícia política são um condomínio residencial.
Limoeiro
Uma das históricas prisões, tendo albergado, no princípio do século passado, presos políticos. Encerrada a seguir ao 25 de Abril, acolheu retornados das ex-colónias e, desde 1979, o Centro de Estudos Judiciários.
Aljube
Esta prisão, hoje Museu da Resistência e Liberdade, recebeu reclusos do foro eclesiástico até 1820, mulheres acusadas de delitos comuns e, a partir de 1928, presos políticos do Estado Novo.
Governo Civil de Lisboa
As instalações, ao Chiado, onde eram emitidos passaportes, funcionavam também como local de registo e triagem de detidos em manifestações contra o regime.
Exposição do mundo português
A primeira realização de fôlego propagandístico do Estado Novo, dirigida por António Ferro, e tendo o Império como afirmação. Da iniciativa restam, hoje, o Padrão dos Descobrimentos, o Museu de Arte Popular e a Praça do Império, em Lisboa.
Legião em Caçadores 5
Nos anos 30, o Regimento de Caçadores 5, em Campolide – hoje parte da Universidade Nova – era refúgio habitual de António Oliveira Salazar aquando de movimentações adversas. Era dirigido por homens fiéis ao Estado Novo, razão pela qual ali estava sediado o Batalhão Legionário n.º 1 e foi um dos locais de treino da Legião Portuguesa, criada em Maio de 1936. A 25 de Abril de 1974, estavam inscritos 80 mil legionários, dos quais apenas uma pequena parte desempenhava funções activas.
Cidade Universitária
A primeira peça do conjunto, o Hospital Universitário de Santa Maria, que alberga a Faculdade de Medicina, data de 1953. Em 1960 é estabelecida legalmente a Cidade Universitária e a congregação do ensino superior numa zona da cidade favorecia, em teoria, o controlo policial dos movimentos estudantis. Na crise académica de 1962, os dirigentes associativos funcionaram como geração de um campus universitário.
Força Aérea em Monsanto
Nestas instalações, Marcello Caetano refugiu-se em 16 de Março, na sequência da falhada revolta militar iniciada nas Caldas da Rainha.
Rocha de Conde d’Óbidos
A construção do porto comercial foi concluída em 1948 e hoje está junto ao terminal de contentores. Com o início da guerra colonial é o local de partida de barcos com tropas e do regresso dos efectivos e dos mortos.
Presídio militar de Trafaria
Naquelas instalações, hoje na dependência da Câmara de Almada, foram detidas centenas de revoltosos do 18 de Janeiro de 1934, sublevação dos anarquistas contra Salazar, com os presos a serem julgados em processos sumaríssimos.
Terreiro do Paço
Palco a 1 de Fevereiro de 1908, aquando do assassinato do rei D. Carlos e do príncipe Luís Filipe de Bragança. Na Revolução de 1910, houve o desembarque da Marinha no Cais das Colunas para ocupar lugares estratégicos e, na agora Praça do Município, ao lado, foi proclamada a República. O Estado Novo utilizou-o como local de concentrações para os discursos de Salazar e desfiles da Legião Portuguesa, PSP, Mocidade Portuguesa e comemorações do 10 de Junho, então Dia da Raça. Na manhã de 25 de Abril de 1974 foi o local de confronto entre a coluna de Salgueiro Maia e as tropas fiéis ao Regimento de Cavalaria 7.
Comentários