Porto Santo: O verdadeiro bolo do caco

O bolo do caco bateu asas e voou. Atravessou os mares e tornou-se estrela em todas as tabernas modernas e protagonista de todas as sanduíches “com um twist”. Foi até engolido pela McDonald’s num “McLusitano”. E, no entanto, reza a história que tem origem árabe e que, tal como o conhecemos hoje, nasceu um dia na pequena ilha de Porto Santo.

Maria sabe fazê-lo desde pequena. Aprendeu com a mãe e garante que este é o verdadeiro bolo do caco, nada a ver com os que fazem na Madeira – isto para não falarmos nas versões irreconhecíveis (dizem os porto-santenses) que se vêem no continente.

Um bom bolo do caco tem que ser assim, vê? E dobra-o ao meio mostrando, orgulhosa, que não quebra. Maria, uma porto-santense pequena mas firme, daquelas a quem o trabalho não mete medo, é capaz de fazer dezenas de bolos do caco até de olhos fechados. Não tem nada que saber, é farinha de trigo, água, sal e fermento. O segredo está na forma de tratar a massa, que se deve deixar levedar três vezes – e não apenas duas como fazem na ilha da Madeira, explica.

Antigamente – mas Maria já não aprendeu assim – este pão, redondo e achatado, era cozido em cima de uma pedra de basalto aquecida sobre brasas, o “caco”. Mas hoje essa cozedura, bastante rápida, pode feita numa superfície quente ou em frigideiras ao lume, como Maria está a fazer. Coze numa face, depois na outra, e por fim dos lados – nessa altura é preciso segurá-lo e ir rodando, para que fique uniformemente cozido.

Depois, aconselha Maria, exibindo o que acaba de fazer, se for para comer ainda quente deve ser cortado à mão e não levar faca. Com manteiga de alho fica excelente. E, para esquecermos as versões gourmet e reencontrarmos o original, o ideal é mesmo ir comê-lo a Porto Santo. Não será, de certeza, difícil de encontrar. 

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Daniel Rocha