Há um novo órgão para aconselhar a estratégia da Agência Espacial Portuguesa

Organização portuguesa apresenta este órgão no seu quinto aniversário, no qual contará com a astrónoma Teresa Lago ou a directora-geral da Saúde Rita Sá Machado, por exemplo.

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A Europa, parte de África e outros territórios vistos do espaço à noite NASA
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A Agência Espacial Portuguesa apresentou esta segunda-feira o Conselho de Orientação e Estratégia, um novo órgão desta organização que terá a função de aconselhar na definição das linhas orientadores da agência, nomeadamente através de pareceres ou recomendações face ao seu plano de actividades.

A escolha dos membros reflecte uma clara aposta numa estratégia virada para a internacionalização. Entre as escolhas destacam-se Teresa Lago, astrónoma portuguesa que liderou a União Astronómica Internacional, Filipe Arnaut Moreira, major-general perito em geopolítica e segurança, ou Ana Santos Pinto, directora-executiva do Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa. Entre os nomeados está também Peter Martinez, astrónomo sul-africano e director da Fundação para o Mundo Seguro (Secure World Foundation), Simonetta de Pipo, astrofísica italiana e antiga directora do Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos do Espaço Exterior, Filipe Duarte Santos, professor e investigador especializado em ambiente, e Rita Sá Machado, actual directora-geral da Saúde.

Os sete membros, cujos nomes foram aprovados na última assembleia geral da Agência Espacial Portuguesa, têm pela frente um mandato de cinco anos.

“Desde a primeira hora que a agência defende que o espaço está presente em todas as vertentes do nosso dia-a-dia e a escolha dos membros do Conselho de Orientação e Estratégia vai ao encontro dessa multidisciplinaridade”, afirma Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa, em comunicado. O anúncio surge na sequência do quinto aniversário da organização, criada precisamente a 18 de Março de 2019 por resolução do Conselho de Ministros.

Ricardo Conde lidera a Agência Espacial Portuguesa há quatro anos, depois da saída de Chiara Manfletti, a primeira presidente da organização. “O sector espacial português antecede em mais de duas décadas a criação da agência, mas é inequívoco que existe um antes e um depois de 18 de Março de 2019”, acrescenta o actual presidente no comunicado.

O crescimento do sector nos últimos anos tem-se reflectido nas novas 34 empresas e nos quatro novos centros de investigação mencionados pela Agência Espacial Portuguesa em comunicado, mas também nos avanços das empresas portuguesas em direcção ao espaço. No início deste mês de Março, por exemplo, foi enviado um satélite português para o espaço pela segunda vez na história – o primeiro tinha sido já em 1993.

O contributo português para a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) também cresceu para um valor recorde de 115 milhões de euros (divididos por cinco anos), embora esta verba dite que Portugal continua entre os que menos contribuem para o futuro espacial europeu.

As expectativas para os próximos anos mantêm-se altas. Recorde-se que um dos objectivos repetidos por Ricardo Conde é o lançamento de 30 satélites até ao final de 2026 – o primeiro já foi.

O presidente da Agência Espacial Portuguesa classifica 2024 como “um ano de confirmação da estratégia lançada em 2018”, com a previsão do arranque da construção das infra-estruturas de apoio ao ponto de retorno e acesso ao espaço em Santa Maria, nos Açores, e o lançamento do Geohub nacional. Se a primeira é fundamental para criar em Portugal um local de acesso ao espaço a nível europeu, o Geohub será uma plataforma importante para receber, gerir e partilhar os dados de observação recolhidos.

Também para este ano ficou adiada a possibilidade de ver voos suborbitais nos Açores e ainda há pelo menos dois satélites portugueses que deverão viajar até ao espaço durante os próximos meses.

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