Acções da Galp disparam 20% após “importante descoberta” na Namíbia

Empresa portuguesa, que detém 80% do consórcio de exploração na Namíbia, empurrou subida do principal índice bolsista nacional.

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Galp detém posição maioritária em projecto de exploração na Namíbia, mas poderá estar a planear a venda de 40% do capital Rui Gaudêncio
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As acções da Galp começaram na manhã desta segunda-feira a subir mais de 20%, uma valorização que é explicada pela informação ao mercado de “importante descoberta comercial” na exploração no campo Mopane, na Namíbia, projecto petrolífero onde a empresa detém uma participação maioritária, de 80%.

Os títulos fecharam a sessão bolsista a subir 20,64% e a valer 19,35 euros.

De acordo com um comunicado divulgado este domingo, a empresa deu conta de que, após o fim da primeira fase da campanha de exploração do campo Mopane, é possível concluir que se trata de “uma importante descoberta comercial”.

A petrolífera, que sustenta que “a produção de hidrocarbonetos continuará a ser um negócio de crescimento e geração de valor dentro do portefólio da Galp nos próximos anos”, prepara-se assim para juntar um novo filão de riqueza aos rentáveis projectos do Brasil, depois de ter anunciado no final de 2021 que não pretende adquirir novas áreas de exploração de petróleo, além daquelas que já tem no portefólio.

Segundo noticiou a Reuters esta segunda-feira, a empresa está a preparar a venda de uma participação de 40% no projecto namibiano, na bacia de Orange. A Reuters refere que a Galp não comenta o assunto, mas, citando fontes próximas da petrolífera, explica que a empresa presidida por Filipe Silva quer atrair novos investidores para um projecto que poderá assumir grandes dimensões, reduzindo risco e investimento.

Em cima da mesa poderá estar mesmo a cedência de controlo da operação a uma grande multinacional petrolífera, refere a agência noticiosa, que adianta que o Bank of America foi contratado para conduzir a operação de venda, que poderá resultar num encaixe de “muitos mil milhões de dólares para a Galp”.

A Galp acordou com o Governo namibiano a licença de exploração petrolífera nesta área junto à fronteira com a África do Sul em 2016. Como parceiras tem a namibiana Custos Energy e a Namcor (petrolífera estatal da Namíbia) com 10% cada.

Em Janeiro do corrente ano, a petrolífera controlada pela família Amorim e com participações relevantes da angolana Sonangol e do Estado português, via Parpública, já tinha anunciado que os trabalhos no poço de exploração Mopane-1X, no bloco PEL83, identificaram “a descoberta de uma coluna significativa de petróleo leve”.

Agora, a empresa dá conta de que, ainda sem perfurar poços adicionais de exploração, as estimativas de hidrocarbonetos “são de 10 mil milhões de barris de petróleo equivalente, ou mais”.

Em 2023, a Galp registou o seu maior resultado líquido de sempre, de 1002 milhões de euros, mais 14% face aos 881 milhões de euros de 2022, com aumento na produção petrolífera de 6% (excluindo a operação angolana, cuja venda foi anunciada há um ano, por um valor total de 830 milhões de dólares).

Além da Namíbia, em África a Galp participa num projecto de exploração de gás natural na bacia de Rovuma, em Moçambique, onde a unidade flutuante Coral Sul iniciou a produção no final de 2022.

No Brasil, um dos projectos mais recentes, com entrada prevista em produção em 2025, é o do campo designado por Bacalhau, no pré-sal na Bacia de Santos.

No seu site, a Galp diz esperar um “crescimento da produção a médio prazo de 30% até 2026”, com “elevada sustentabilidade”, dado os custos de produção a rondar os três euros por barril de petróleo equivalente (ou boe, do inglês barrel of oil equivalent) e a uma intensidade carbónica que afirma ser mais baixa do que a da média da indústria.

Além disso, a Galp assegura que consegue obter retorno dos seus investimentos mesmo com o petróleo abaixo dos 20 dólares por barril.

A empresa apresentará no final deste mês os resultados do primeiro trimestre, mas, de acordo com os dados operacionais já divulgados, viu a produção petrolífera cair 9% e a de gás 11%, para 107 mil e nove mil barris de petróleo equivalentes, respectivamente.

Notícia alterada às 14h42 com informação adicional.

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