Duane Eddy (1938-2024), o guitarrista twangy que mudou o rock’n’roll

Referência maior de músicos como Bruce Springsteen, George Harrison ou Jeff Beck, o guitarrista norte-americano, fenómeno do rock dos anos 1950-60, morreu esta terça-feira, vítima de cancro.

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O estilo twang da guitarra de Duane Eddy influenciou vários flancos da música rock: da country ao surf rock, do folk de fibra psicadélica ao psychobilly DR
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O icónico jornal de música britânico Melody Maker chamou-lhe “a primeira verdadeira superestrela da guitarra da era do rock’n’roll”. Referência incontornável para nomes como Bruce Springsteen, George Harrison, Jeff Beck (The Yardbirds, The Jeff Beck Group), Marty Stuart ou Steve Earle, Duane Eddy morreu vítima de cancro esta terça-feira, aos 86 anos, em Franklin, no estado do Tennessee, Estados Unidos, revelou a família.

Guitarrista autodidacta desde os cinco anos, Duane Eddy viria a tornar-se nas décadas de 1950 e 1960 um dos grandes virtuosos do instrumento. Entregaram-lhe o título de “rei do twang”, um estilo de tocar guitarra eléctrica que influenciou gerações de músicos e instrumentistas de vários flancos do rock: da country ao surf rock, da folk de fibra psicadélica ao psychobilly (cruzamento entre punk rock, rock’n’roll e rockabilly), deixando um legado que ainda é possível reconhecer no presente. Tal como refere a revista americana Rolling Stone, Eddy chegou a colaborar com Dan Auerbach, da banda The Black Keys, em 2017.

Na sua sonoridade twangy, as melodias floresciam com um vibrato e uma reverberação incomuns para a época. “O som de Eddy baseava-se em tocar as linhas principais nas cordas graves da guitarra, gravando-as depois de forma a exagerar o eco e a reverberação. Se ele soava como se estivesse a tocar dentro de um tanque de água gigante, não era por acaso: estava mesmo”, explica no jornal inglês The Guardian o jornalista e crítico de música Michael Hann.

“Quando começou a gravar na Audio Recorders em Phoenix, Arizona, com Lee Hazlewood como produtor e co-autor em 1957, Hazlewood colocou-o dentro de um tanque de água gigante para usar como câmara de eco.” E foi precisamente o "cowboy psicadélico" Lee Hazlewood (1929-2007), influente compositor e produtor da música rock anglo-saxónica do século XX, que catapultou o guitarrista para o estrelato no final dos anos 1950, desenvolvendo o estilo twang característico de Eddy – e que Hazlewood viria a adaptar, mais tarde, para dar corpo ao grande sucesso de Nancy Sinatra, These boots are made for walkin' (1965).

Entre 1958 e 1963, Duane Eddy conseguiu ter 16 singles no top 40. Rebel-rouser, Shazam!, Cannonball ou Because they're young são algumas das suas canções mais marcantes. Passou por todas as tabelas de vendas dos Estados Unidos e do Reino Unido, até chegarem os Beatles: o domínio passou então para o lado britânico, assistindo-se a uma transformação do paradigma da música pop-rock.

Ainda assim, o seu trabalho foi-se mantendo à tona graças à utilização das suas canções em mais de 30 filmes e programas de televisão ao longo dos anos. Voltou, inclusive, a chegar aos tops em 1986, com uma versão da sua canção Peter Gunn (1960) pela banda britânica Art of Noise.

Durante o seu percurso, o guitarrista nascido em 1938 em Corning, Nova Iorque, gravou mais de 50 álbuns, incluindo reedições, sobretudo antes dos anos 1980, quando começou a afastar-se do mundo da música. Vencedor de um Grammy, passou a fazer parte do Rock and Roll Hall of Fame em 1994. No ano passado, Duanne Eddy integrou a lista dos melhores guitarristas de sempre da Rolling Stone.

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