Telescópio James Webb capta nebulosa Cabeça de Cavalo com um detalhe sem precedentes

Os astrónomos estimam que daqui a cinco milhões de anos a nebulosa Cabeça de Cavalo se vá desintegrar. Agora foi observada pelos olhos do telescópio James Webb, lançado no espaço em 2021.

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Nebulosa Cabeça de Cavalo captada pelo telescópio James Webb ESA/NASA/Webb
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O Telescópio Espacial James Webb capturou imagens da icónica nebulosa Cabeça de Cavalo, uma nuvem de gás frio localizada a cerca de 1300 anos-luz da Terra, com um nível de detalhe e uma resolução sem precedentes.

As observações mostraram uma parte dessa nebulosa através de uma luz totalmente nova que permitiu captar toda a sua complexidade, divulgaram a NASA e a Agência Espacial Europeia (ESA), responsáveis, em conjunto com a Agência Espacial Canadiana (CSA), pelo Telescópio James Webb.

A nebulosa Cabeça de Cavalo, também conhecida como Barnard 33, emergiu de ondas turbulentas de poeiras e gases e foi formada a partir do colapso de uma nuvem interestelar, explicam as agências espaciais, especificando que esta nebulosa brilha porque é iluminada por uma estrela quente próxima.

Localizada na constelação de Oríon, encontra-se a cerca de 1300 anos-luz de distância da Terra. A forma da sua nuvem escura de poeira e gases, semelhante à cabeça de um cavalo, torna-a uma das nebulosas mais identificáveis.

As nuvens de gases que rodeiam esta nebulosa já se dissiparam, mas o pilar saliente é composto por aglomerados grossos de materiais que são mais difíceis de erodir. Os astrónomos estimam que lhe restam cerca de cinco milhões de anos antes de se desintegrar.

A nebulosa está numa região em que ocorre “​fotodissociação”​, fenómeno na qual a luz ultravioleta de estrelas jovens e maciças cria uma zona quente de gás neutro e poeiras entre o gás totalmente ionizado, envolvendo tanto as estrelas maciças como as nuvens onde estão localizadas.

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Nebula Cabeça de Cavalo vista pelos telescópios espaciais Euclides (luz visível e infravermelhos), Hubble (infravermelhos) e James Webb (infravermelhos) ESA/NASA/James Webb

Esta radiação ultravioleta influencia muito a química dos gases destas regiões e actua como a mais importante fonte de calor, segundo as mesmas fontes. Estas regiões ocorrem onde o gás interestelar é suficientemente denso para permanecer neutro, mas não suficientemente denso para impedir a penetração da luz ultravioleta distante de estrelas com muita massa.

A luz emitida por este fenómeno de ​fotodissociação constitui uma ferramenta única para estudar os processos físicos e químicos que impulsionam a evolução da matéria interestelar em todo o Universo, desde o início da formação estelar até ao presente.

Devido à sua proximidade e geometria, a nebulosa Cabeça de Cavalo é um alvo ideal para os astrónomos estudarem as estruturas físicas de tais regiões e a evolução das características químicas do gás e da poeira nos seus respectivos ambientes, bem como as regiões de transição entre estes.

Segundo as agências espaciais envolvidas no Telescópio James Webb, este é considerado um dos melhores objectos do céu para estudar como a radiação interage com a matéria interestelar.

A partir de agora, os investigadores pretendem estudar os dados espectroscópicos obtidos da Cabeça de Cavalo para demonstrar a evolução das propriedades físicas e químicas do material observado através desta nebulosa.

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