Ainda o dia claro

Poesia Pública é uma iniciativa do Museu e Bibliotecas do Porto comissariada por Jorge Sobrado e José A. Bragança de Miranda. Ao longo de 50 dias publicaremos 50 poemas de 50 autores sobre revolução.

Ouça este artigo
00:00
00:49

Evoco Sophia e lembro o dia claro
contra a sombra de um passado
que teimava em enegrecer
a liberdade e o sonho.

Despertei ao som do assalto
do povo em alegria
lado a lado com os libertadores
era menina e mal compreendia.

Hoje, ao caminhar sob os jacarandás
pergunto-me se, nesta primavera,
imperam ainda o sonho e a utopia
de um país à beira de se cumprir.

Os espectros desenham-se no ar
mas o dia claro permanecerá
contra a barbárie, anunciando
a justiça que há-de vir.


Maria João Cantinho nasceu em Lisboa, em 1963. Doutorada em Filosofia, é poeta, ensaísta e professora. Tem cinco livros de poesia publicados, cinco livros de ficção e cinco livros de ensaio. A sua poesia está traduzida em castelhano, húngaro, francês, italiano e inglês.

Sugerir correcção
Comentar