Editoras adiam lançamentos de livros, algumas sem nova data à vista

Confinamento e encerramento de livrarias obrigaram grupos editoriais ao adiamento de lançamentos previstos para o primeiro trimestre do ano. Editoras salientam que pode haver mais adiamentos se situação pandémica piorar e o dever de recolhimento cívico se mantiver.

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Paulo Pimenta

A maioria das editoras adiou os lançamentos de livros previstos para o início do ano, em consequência das medidas do novo confinamento, que obrigou ao fecho das livrarias e à paragem do sector. O grupo Almedina e a Gradiva são as editoras que mantêm inalterado o seu trabalho na área da edição. Assim, a Almedina prepara-se para lançar, no dia 28, o terceiro volume de O Terceiro Reich em Guerra, de Richard J.Evans, e Os Meninos do Caminho de Ferro, de E. Nesbit, ao passo que a Gradiva mantém o lançamento, a 26 de Janeiro, de Estrela Negra a Pairar. Ocultismo e poder na era de Trump, de Gary Lachman.

Já a Bertrand fez saber que, “em resposta às medidas impostas pelo novo confinamento”, decidiu “adiar a publicação de novos livros previstos a partir do dia 21 de Janeiro, com a retoma de lançamentos dependente do término deste período de recolhimento”. “Perante as medidas tomadas pelo Governo, que incluem o encerramento das livrarias, a Bertrand Editora decidiu suspender o lançamento das novidades previstas para as próximas quatro semanas”, afirma o director executivo da Bertrand Editora, Paulo Oliveira. Apesar desta suspensão, “mantém-se a actividade dentro da maior normalidade possível, sustentada por uma forte componente de trabalho remoto, para garantir que o plano editorial será retomado o mais rápida e eficazmente possível quando terminar o confinamento”, acrescentou.

Entre as novidades previstas para este mês que foram adiadas, contam-se O Labirinto de Ossos e Subterrâneo, de James Rollins, Este Foi um Homem, de Jeffrey Archer, O Jogo do Poder, de Danielle Steel, Civilizações, de Laurent Binet, Viver num Mundo Imprevisível, de Frédéric Lenoir, Os Altruístas, de Andrew Ridker, e Adeus, Futuro, de Maria do Rosário Pedreira, assim como as reedições de Esteiros, de Soeiro Pereira Gomes, e O Aleph, de Jorge Luís Borges.

O grupo editorial LeYa decidiu também suspender a publicação das suas novidades, justificando a decisão “face às restrições à actividade comercial anunciadas no âmbito do novo confinamento”. Entre as novidades editoriais da LeYa para este mês, contavam-se Da Meia-Noite às Seis, de Patrícia Reis, Rio Profundo, de Shusako Endo, 1984, de George Orwell, e O Triunfo dos Porcos, também de Orwell. Todos estes títulos seriam editados pela Dom Quixote.

A Porto Editora também alterou o seu alinhamento editorial previsto para os primeiros meses e decidiu apostar em “títulos fortes na área da não-ficção” até Março. Antecipando-se ao anúncio de um novo período de confinamento, a Porto Editora não chegou a apresentar o seu plano editorial para o primeiro semestre, anunciando logo a 12 de Janeiro que cancelava o evento marcado para apresentar as novidades literárias. Até Março, sairão as obras Como evitar um desastre climático, de Bill Gates, com lançamento mundial agendado para 16 de Fevereiro, Burnout, de Emily e Amelia Nagosky, e O último dos colonos — Até ao cair da folha, o segundo volume das memórias de João Afonso dos Santos. “Assim que a normalidade possível for retomada, reagendaremos o evento de apresentação do nosso plano editorial para os meses seguintes”, destaca o grupo editorial.

A Relógio dÁgua foi outra editora a rever o seu planeamento editorial, depois de ter publicado, logo no inicio do mês, Mil Novecentos e Oitenta e Quatro, de George Orwell, com prefácio de Gonçalo M. Tavares. “Vamos adiar os lançamentos de livros como Jack, de Marilynne Robinson, O Problema dos Três Corpos, de Liu Cixin, O Príncipe, de Nicolau Maquiavel, A Guerra do Mundo, de Niall Ferguson, e A Polícia da Memória, de Yoko Ogawa”, disse à Lusa o editor Francisco Vale, acrescentando: “Serão publicados logo que as livrarias reabram. Esperemos que em Fevereiro.”

O grupo Penguin Random House adiou um mês as novidades previstas para o final de Janeiro e o início de Fevereiro, entre as quais se incluem os livros de José Gardeazabal, Constança Cordeiro Ferreira, Dale Carnegie e Eddie Jaku. Especificamente, passam para o fim de Fevereiro os lançamentos de A arte de comunicar com sucesso, de Dale Carnegie, Vida instagramável, de Paula Cordeiro, A arte da guerra de Sun Tzu para mulheres, de Catherine Huang e A.D. Rosenberg, Dias felizes, noites tranquilas, de Constança Pereira da Silva, e O homem mais feliz do mundo, de Eddie Jacu. Para o início de Março ficam A incrível história de António Salazar, de Marco Ferrari, e Quarentena — Uma história de amor, de José Gardeazabal. A editora especifica que, se o confinamento se mantiver nas condições actuais, as datas serão novamente reavaliadas.

O grupo 2020 também se viu forçado a adiar as saídas previstas para o final de Janeiro, o mês de Fevereiro e o início de Março: “Ao todo, são mais de 50 livros que vamos ter de dividir por saídas ao longo do ano. Eventualmente, teremos de adiar algumas para 2022.” Para já ficam suspensas, sem nova data prevista, os lançamentos de O Despertar dos Leões, de Ayelet Gundar-Goshen, Suspense ou a Arte da Ficção, de Patricia Highsmith, Os Infiltrados: O Casal de Amantes que Liderou a Resistência Alemã Contra os Nazis, de Norman Ohler, Mundo Subterrâneo: Uma Viagem Pelas Profundezas do Tempo, de Robert MacFarlane, A Rebelião, de Joseph Roth, e Stephen Hawking: Memórias de Amizade e Física, de Leonard Mlodinow.

A Guerra e Paz também repensou o seu plano editorial para Janeiro, tendo adiado para Fevereiro a publicação de Woke, Guia para a Justiça Social, de Titania McGrath, e Por onde aquele rio corre, de Sílvio A. Abrantes. “Caso o dever cívico de confinamento profilático seja renovado no mês de Fevereiro, o plano será novamente revisto. Vivemos tempos de incerteza, nos quais o planeamento tem de ser refeito, praticamente, semana a semana”, afirmou a editora.

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