Festival que difunde os sons do órgão ibérico começa este sábado em Guimarães

O décimo aniversário da reparação do órgão da igreja de Santo António dos Capuchos, em Guimarães, vai ser lembrado com oito concertos ao longo de mais de sete meses.

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Depois de, em 2017, se ter estendido por seis meses, com cinco concertos, o Festival Internacional de Órgão Ibérico comemora, neste ano, o décimo aniversário da reparação do órgão da igreja de Santo António dos Capuchos, em Guimarães, com oito concertos ao longo de mais de sete meses. O evento arranca neste sábado com obras de Vivaldi e de Bach, interpretadas pelo organista Giampaolo Di Rosa e pelo flautista Ubaldo Rosso.

Incrustado numa parede caiada de branco, o órgão ibérico está pronto para voltar a ressoar mais um ano em vários timbres pela igreja de Santo António dos Capuchos, num programa com oito concertos, que se estende desde 17 de Março até 31 de Outubro.

Na antecâmara da décima edição, a coordenadora do núcleo museológico da Santa Casa da Misericórdia de Guimarães, Maria Rui Sampaio, frisa que o evento, apesar de não registar um aumento de público de ano para ano – à excepção de 2012, ano da Capital Europeia da Cultura, em que a igreja enchia sempre, cada concerto tem atraído sempre uma média de 50 espectadores — está cada vez mais presente na “linguagem das pessoas que se interessam por música”.

Tal como na edição anterior, que teve cinco concertos subjacentes ao tema “Tradições em música”, o organista italiano e programador musical do festival, Giampaolo di Rosa, volta a protagonizar o primeiro concerto, pelas 19h, mas, desta feita, num dueto com o flautista Ubaldo Rosso, que contempla interpretações de obras de Vivaldi e de Bach. A igreja vimaranense vai, depois, acolher o romeno Felician Rosca, a 14 de Abril, o italiano Paolo Bougeat, a 19 de Maio, o alemão Wladyslaw Szymanski, a 16 de Junho, o eslovaco Stanislav Surin, a 21 de Julho, o alemão Franz Hauk, a 22 de Setembro, e novamente Giampaolo Di Rosa, mas a solo, a 20 de Outubro, antes da sua compatriota Guilia Biagietti encerrar o festival, a 31.

Alguns dos músicos que figuram no cartaz vão-se estrear no órgão ibérico — as notas graves têm menos destaque face a outros tipos de órgãos europeus —, o que, para Maria Rui Sampaio, constitui um “grande desafio”. Cada organista, explica a responsável, vai ter de adaptar as peças que quer tocar aos 24 registos — cada registo é um conjunto de tubos que produz uma nota específica – que tornam aquele instrumento único face a outros órgãos ibéricos.

“Há órgãos ibéricos noutras igrejas do país com algumas diferenças. Os órgãos, no fundo, são instrumentos únicos, que produzem sons diferenciados entre eles, ainda que a forma de funcionar seja semelhante”, afirma, antes de sublinhar que nem todas as obras musicais podem ser tocadas naquele instrumento. O esforço necessário para criar uma nova versão das suas peças, observa ainda Maria Rui Sampaio, é também um estímulo para os artistas internacionais decidirem rumar a Guimarães para mostrarem o seu trabalho.

Restaurado em 2008, a par do restante núcleo museológico da igreja e do convento do século XVII, onde sobressai a sacristia em talha dourada e azulejo do século XVIII, o órgão, até para se garantir a sua conservação, começou a ecoar ininterruptamente a partir do ano seguinte, enquanto protagonista deste festival.

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