Morreu Koyo Kouoh, curadora da Bienal de Veneza

Bienal descreve a sua morte como “surpreendente e prematura”. “Deixa um imenso vazio no mundo da arte contemporânea, que apreciou o seu extraordinário empenho intelectual e humano.”

Foto
Koyo Kouoh vivia e trabalhava entre a Cidade do Cabo, Dakar e Basileia JARED SISKIN/PMC/GETTY IMAGES
Ouça este artigo
00:00
02:36

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

A camaronesa-suíça Koyo Kouoh, curadora da próxima Bienal de Arte de Veneza, que está marcada para o próximo ano, morreu aos 57 anos, anunciou este sábado a própria bienal, descrevendo a sua morte como "surpreendente e prematura". "A sua morte deixa um imenso vazio no mundo da arte contemporânea e na comunidade internacional de artistas, curadores e especialistas, que apreciaram o seu extraordinário empenho intelectual e humano", acrescenta a instituição, que é uma das mais influentes bienais do circuito internacional. Koyo Kouoh era especialmente conhecida pelas suas exposições sobre feminismo e pela sua atenção a África.

"A nomeação de Koyo Kouoh como directora do sector das artes visuais é o reconhecimento de uma visão na aurora de um dia cheio de novas palavras e novos olhares", declarou, em Dezembro passado, o presidente da bienal, Pietrangelo Buttafuoco, jornalista e escritor alinhado à direita que é autor de uma biografia de Silvio Berlusconi. "A sua perspectiva de curadora, académica e figura pública influente vai ao encontro das inteligências mais refinadas, mais jovens e mais disruptivas. Com ela, a bienal confirma o que oferece ao mundo há mais de um século: ser a casa do futuro."

Nascida em 1967 nos Camarões e criada na Suíça, Kouoh foi uma artista de renome no panorama africano e internacional, com inúmeras publicações e exposições nos principais museus de todo o mundo. Desempenhava desde 2019, no Zeitz Museum of Contemporary Art Africa, na Cidade do Cabo (África do Sul), as funções de directora executiva, cargo que acumulava com o de curadora-chefe. Em 2020, recebeu o Prémio Méret Oppenheim, destinado a reconhecer artistas suíços.

Com a sua nomeação, a bienal mantinha a tendência para se "concentrar em regiões do mundo que permaneceram periféricas ao panorama internacional da arte contemporânea durante demasiado tempo", como em Dezembro assinalava o jornal La Reppublica. Esta teria sido a primeira vez em que a Bienal de Veneza era liderada por uma mulher nascida em África.

A Bienal de Veneza é um dos eventos artísticos mais importantes a nível mundial e está dividida em dois sectores, arquitectura e arte contemporânea. A nova edição da Bienal de Arquitectura, dirigida pelo engenheiro italiano Carlo Ratti, acaba, aliás, de arrancar, tendo o júri, como é habitual, marcado a inauguração desta manhã com o anúncio do palmarés. O Leão de Ouro de Melhor Pavilhão foi para o Bahrein, cujo projecto, intitulado Heatwave, se debruça sobre a questão do calor extremo, apresentando, numa instalação site-specific, “métodos tradicionais de arrefecimento passivo que são típicos da região”, explicam os participantes, Andrea Faraguna, Wafa Al Ghatam, Eman Ali, Alexander Puzrin e Mario Monotti.