Palcos da semana: ligações a Watts, Sensorianas e muitas canções
Vêm aí novidades d’Os Portugueses, trocas musicais, Circolando num festival, Andermatt em danças iranianas e um novo Square.
Se Leão vai à montanha…
Batida tradicional, coros que parecem ter raízes, um sentir revolucionário, ecos dos cantores de intervenção. A guitarra de José Peixoto, a voz de Ana Vieira, o acordeão de Celina da Piedade, palavras de Ana Carolina Costa. É O rapaz da montanha. Ou Rodrigo Leão de regresso anunciado.
Esta é a canção que antecipa o álbum que o músico há-de lançar este ano. Não se conhece ainda data nem título. Sabe-se, pelo próprio, citado pela nota de imprensa, que traz “uma toada diferente”. E que virá na senda do projecto Os Portugueses. A grande revelação chega dentro de momentos ao Centro Cultural de Belém e, não tarda, também à Casa da Música.
Watts de uma Noite de São Gunão
Linguagens sonoras e artes performativas ligadas pela Circolando – vem aí o Watts - Ciclo Sonoro, para encher a Central Eléctrica de performances, espectáculos e outras propostas “onde o mote será a celebração”, ao embalo do 25.º aniversário do grupo.
A estreia de Abstract, filme que extravasa para escultura, da autoria de Hanna Tarasiewicz, faz subir a cortina. Gil Mac e Henrik Ferrara entram em cena com conexões e catarses exploradas em The Journey to Pleasure Drone II, para logo virem os 800 Gondomar roubar as atenções com garage-punk-rock para festejar São Gunão, o novo álbum.
No dia seguinte, há folclore anticapitalista – com produtos Joaninha – por obra e crítica do polaco Kuba Falk. Dará lugar à Noite inspirada pelo imaginário poético de Al Berto, aqui revisitada por André Braga e Cláudia Figueiredo dez anos após a estreia original. O fim do Watts convida a escorregar com pés de Veludo para a pista de dança “enquanto lugar de resistência”.
Três dedos de canções
Partilha, encontro e muita cumplicidade voltam a estar em evidência no Maria Matos, com o regresso do ciclo Conta-me Uma Canção. Serão três novos momentos de partilha entre duplas de músicos, a quem se pede que afinem também a veia de contadores de histórias.
Márcia e Sérgio Godinho são os primeiros a trocar canções e impressões, eles que já viram os destinos unidos por Às vezes o amor (dele, gravado por ela) ou Delicado (dela, “roubada” para um disco dele). O segundo momento é proporcionado por mulheres de gerações diferentes mas que se alimentam, cada uma à sua maneira, da música tradicional: Amélia Muge e Ana Lua Caiano. O último dois-em-um é entre Manel Cruz e Samuel Úria, dois dos mais hábeis cronistas musicais da nossa praça, a descobrirem afinidades de Lenço enxuto ao peito (canção que os juntou n’O Grande Medo do Pequeno Mundo, de Úria).
Sensorianas de Outros Mundos
Aliar “encanto e contemplação a partir de uma experiência artística ancorada nos contributos da diáspora iraniana radicada no nosso país” é o desejo expresso por Clara Andermatt relativamente a Sensorianas. O espectáculo tem estreia à vista em Lisboa, já com digressão apontada para Guimarães (no Guidance), Aveiro, Loulé e Viseu nos próximos meses.
Nasceu de um desafio lançado pelos Estúdios Victor Córdon, no âmbito do programa Outros Mundos – orientado para a riqueza de comunidades migrantes em Portugal – para criar um espectáculo inspirado pela cultura persa.
A coreógrafa respondeu com um olhar subjectivo, nutrido pelo contacto com essa comunidade, “numa abordagem poética que reflecte aspectos da vida quotidiana, da liberdade e da diversidade cultural” e que “foca o universo feminino reinterpretando dança, poesia e música do Irão”, completa.
Todos no seu quadrado e fora dele
No quadrilátero cultural já formado por Barcelos, Braga, Guimarães e Famalicão nasce agora um novo festival-convenção. Chama-se Square, é uma das manifestações da programação bracarense Capital Portuguesa da Cultura 2025 e propõe uma intensa agenda de concertos espalhada pelos mais diversos sítios e vinda um pouco de todo o lado.
Entre dezenas de outros músicos, recebe o colectivo luso-cabo-verdiano Fidju Kitxora (que aqui começa a digressão motivada pelo álbum Racodja), a rapper da Cova da Moura Mynda Guevara, a cantora e compositora espanhola Verde Prato, o trio de Amesterdão Housepainters, o duo galego Caamaño&Ameixeiras ou a chilena Fabiola “Planta Carnívora” Alarcón.
Organizado pela Lovers & Lollypops, tem parceiros como Triciclo, Festival de Músicas do Mundo de Sines, MIL, Revolve, Amplificasom ou Bazuuca. E acompanha os showcases musicais com uma vertente de conferências sobre o ramo. Tudo para justificar “um encontro e uma celebração do talento que vive e trabalha nas margens”, lê-se na nota de intenções, que especifica o interesse em sons de África, América e Europa.
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