Marcelo Rebelo de Sousa associou-se à campanha "Vamos Pôr o Sequeira no Lugar Certo" com uma contribuição de 150 euros, quantia que o Presidente da República entregou esta quarta-feira à tarde ao Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa. Um contributo "modesto" e "simbólico", "à dimensão da vida do cidadão comum", explicou.
A campanha pública de angariação de fundos, inédita em Portugal pela sua dimensão, foi lançada em Outubro e quer comprar para o acervo do MNAA uma pintura de Domingos Sequeira, intitulada Adoração dos Magos, por 600 mil euros. A pintura pertence aos descendentes dos duques de Palmela.
A campanha "Vamos Pôr Sequeira no Lugar Certo" (que tem como parceiros principais o PÚBLICO, a agência de publicidade Fuel, a RTP e a Fundação Millennium BCP) dividiu a obra em 10 milhões de pixéis, para que cada português possa participar com um esforço mínimo de seis cêntimos, e já conseguiu comprar 81% da obra. Feitas as contas, o Presidente da República comprou 2500 pixéis.
A campanha está já na sua recta final, e até quarta-feira, a pouco menos de um mês do encerramento, e ainda sem a contribuição do Presidente da República, tinha atingido os 487.098,66 euros, faltando pouco mais de 100 mil para comprar o quadro deste mestre da pintura portuguesa do século XIX, já bastante visível no site sequeira.publico.pt construído para esta campanha. "Estamos a aproximar-nos do prazo limite. [Quem aqui está] não é tanto o Presidente da República, mas o cidadão Marcelo Rebelo de Sousa. O contributo modesto será do cidadão titular do órgão de soberania", disse o Presidente, num discurso no átrio do MNAA em frente à Adoração dos Magos, em que elogiou a "visão" do director do museu, António Filipe Pimentel.
Depois explicou aos jornalistas que a sua vontade tinha sido dar bastante mais, mas que ponderara uma quantia em que os portugueses, nestes tempos de dificuldades em que há "pensões de 200 euros", se pudessem rever e seguir o exemplo.
Marcelo Rebelo de Sousa foi, até tomar posse como Presidente, vogal do conselho de curadores do MNAA – representantes da sociedade civil que têm como missão ajudar a direcção do museu –, ao lado de personalidades como Rui Vilar, Fernando Nogueira, Guilherme d'Oliveira Martins, Alexandre Relvas e Pilar del Río, alguns dos quais assistiram à entrega da doação. Foi essa relação que começou por ser lembrada pelo director do museu, que agradeceu a visita do Presidente menos de um mês depois de ter tomado posse. "Vossa Excelência sabe que eu sei quanto este museu lhe deve", ao que Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que é testemunha do trabalho desta direcção como "cidadão, curador e Presidente".
Como curador, viu os "difíceis" quatro anos e meio necessários para a campanha nacional nascer em nome de um "autor e obra de valor inquestionáveis" e viu "a história de um enlevo por Domingos Sequeira" tornar-se "um enlevo nacional".
Numa cerimónia em que também esteve a secretária de Estado da Cultura, Isabel Botelho Leal, o Presidente da República disse que o estatuto jurídico do Museu Nacional de Arte Antiga, uma instituição com responsabilidades acrescidas entre os museus portugueses, deve ser diferente, permitindo-lhe melhores condições administrativas e financeiras, algo para que prometeu alertar o ministro da Cultura.
Marcelo Rebelo de Sousa é o cidadão 4539 a contribuir para a campanha, na lista dos particulares, que também contabiliza compras colectivas como a feita através da festa "Domingos no Lux", que juntou na discoteca Lux, em Lisboa, 2000 pessoas, ou da tômbola colocada junto à pintura, no átrio do museu, que todas as semanas transfere dinheiro para a campanha. Os 2500 pixéis de Marcelo Rebelo de Sousa passam a figurar ao lado das contribuições de um anónimo e dos cidadãos Luís António Teixeira Dias e Maria Manuel Rodrigues.
Já as participações das empresas ou entidades estão contabilizadas em 105 até quarta-feira, embora faltem entrar algumas doações, como os 20 mil euros da empresa Aeroportos de Portugal (ANA), anunciados no início de Março.
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