Diário de Vhils: Um olho de 25 cores

Com apenas 28 anos, Alexandre Farto, mais conhecido por Vhils, é hoje um dos artistas de maior visibilidade em Portugal e de maior circulação internacional. No ano passado foi alvo de uma retrospectiva do seu trabalho (Dissecação) no Museu da Electricidade de Lisboa e, no meio de inúmeros projectos por todo o globo (esta semana esteve em Washington, onde criou uma instalação no Kennedy Center), teve ainda tempo para realizar um videoclip para o grupo U2. Não espanta que a revista Forbes de Janeiro o tenha incluído na lista de personalidades de maior sucesso com menos de 30 anos.

É ele quem irá criar uma peça no contexto do 25.º aniversário do PÚBLICO, que iremos aqui acompanhar ao longo de 25 semanas. A peça chama-se Olhar e o ponto de partida são 25 das mais significativas capas do jornal ao longo dos anos. Uma escolha que não foi fácil, até pela idade do artista, que se tem destacado pelos murais urbanos e também pela criação de peças para espaços expositivos convencionais.

“A escolha das capas foi feita em conjunto com Bárbara Reis [directora do PÚBLICO] até porque em 1990, como é evidente, eu não lia jornais”, ri-se ele. “Escolhemos capas referentes a datas importantes que, de alguma forma, mudaram o mundo, e outras onde se revelou o lado mais interventivo do PÚBLICO no moldar do olhar sobre o país.” No centro da peça irá estar um olho, dividido em 25 cores, num trabalho que contemplará materiais como o acrílico e técnicas como a colagem, da qual acabará por resultar uma montagem final com as capas de jornal.

No seu trabalho existe uma grande atenção aos contextos sociopolíticos, daí que os jornais sejam mediadores imprescindíveis no seu olhar sobre o mundo. “Leio muitos jornais, nos diferentes suportes, principalmente quando viajo”, confessa. “O PÚBLICO é sempre paragem obrigatória e isso acaba por reflectir-se também na minha actividade artística.”

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