Chelsea não capitalizou o génio de Willian diante do Barça

Catalães empataram em Stamford Bridge (1-1) na primeira mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões.

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Willian 1, Messi 1. Esta é uma versão forçosamente redutora do que aconteceu nesta terça-feira em Londres, no embate entre Chelsea e Barcelona, mas retrata a qualidade de dois dos mais talentosos elementos em campo. Num encontro equilibrado, em que a organização defensiva dos londrinos resistiu quase sempre à criação espanhola, os “blaugrana” arrecadaram uma ligeira vantagem para a segunda mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões.

Em Stamford Bridge, foram duas identidades que chocaram. Um Barcelona talhado para jogar em posse mas a embater continuamente na muralha defensiva adversária; um Chelsea com especial aptidão para esticar o jogo e fazer disparar Willian e Hazard nas transições ofensivas, sem ter conseguido apanhar o rival em contrapé. Uma explicação que serve para explicar, genericamente, o 0-0 registado ao intervalo.

Antonio Conte fez regressar Marcos Alonso ao lado esquerdo do meio-campo, no habitual 3x4x2x1 do Chelsea, tendo decidido manter Rudiger no trio defensivo (em vez de resgatar Gary Cahill). Quando os catalães construíam, os “blues” recolhiam-se num 5x4x1, sempre à espreita de uma recuperação de bola que lhes permitisse lançar o contragolpe.

Num desses lances, Willian acelerou pelo corredor central rumo à área do Barça e foi travado em falta. Era a primeira explosão do criativo brasileiro, que puxaria novamente dos galões aos 33’ (remate ao poste direito) e aos 41’ (remate ao poste esquerdo da baliza de Ter Stegen). O Chelsea não conseguia penetrar na área espanhola, mas a verdade é que não precisava de o fazer para deixar o rival em sobressalto.

Seria justamente com a mesma receita que os londrinos chegariam à vantagem, já na segunda parte. Os “onzes” que regressaram dos balneários eram os mesmos, a abordagem idêntica e o plano do Chelsea também. Na sequência de um canto, Willian ficou fora da área, estrategicamente colocado, à espera de um passe para o exterior. E o Barcelona facilitou. À terceira tentativa, o brasileiro atirou com precisão cirúrgica para o 1-0.

Nessa altura, a posse de bola do Barça, organizado em 4x3x3, era esmagadora (aproximava-se dos 70%), mas o jogo estava a correr de feição aos anfitriões. Pedro Rodríguez era eficaz a encurtar espaços, tacticamente rigoroso, e só Hazard tinha carta branca para afrouxar na pressão. Os espaços eram mínimos, N’Golo Kanté era uma sombra permanente de Lionel Messi e os catalães estavam longe de fazer oscilar a estrutura defensiva britânica.

Até que um erro individual abriu alas ao golo do empate. Andreas Christensen, jovem dinamarquês que alinhou no eixo da defesa, mediu mal um passe em zona proibida e Iniesta, sagaz como sempre, recuperou a bola à entrada da área, esperou pelo timing ideal para servir Messi e ofereceu ao argentino, aos 75', o primeiro golo do seu currículo diante do Chelsea (1-1), à nona partida. No total, o número 10 do Barça já marcou a 31 dos 37 clubes que defrontou até hoje nas competições europeias.

Reagiu Antonio Conte minutos mais tarde, lançando Morata para o lugar de Pedro (Hazard recolocou-se sobre a ala esquerda) e Danny Drinkwater para a vaga de Fàbregas. A equipa passou a ter uma referência para cruzamentos na área, mas não foi capaz de tirar partido dessa solução, mesmo que tenha, nos minutos finais, controlado mais o jogo com bola.

Foi o 13.º encontro entre as duas equipas na Champions e o sexto empate registado. Um empate que deixa o Barcelona ligeiramente mais próximo dos quartos-de-final da competição e o Chelsea ligeiramente mais perto de cair, pela terceira vez consecutiva, nesta eliminatória da competição.

Vida comprometeu Besiktas

Em sentido inverso caminha o Bayern Munique, senhor de um jogo que ficou inevitavelmente inclinado a favor dos bávaros aos 16’, quando Domagoj Vida foi expulso. A falta do central croata sobre Robert Lewandowski hipotecou as aspirações do Besiktas na partida (5-0) e no torneio.

A correlação de forças no Allianz Arena já não favorecia propriamente os turcos, que surgiram no seu figurino tradicional, um 4x2x3x1 que se apoiava na criatividade de Quaresma, Babel e Talisca para surpreender os alemães, tendencialmente através dos corredores laterais. Mas aquele cartão vermelho directo puxou o tapate aos visitantes, que remendaram o buraco baixando Gary Medel para central e Talisca para uma posição mais próxima de Hutchinson.

E se, física e tacticamente, o Besiktas ainda resistiu na primeira metade, na segunda o edifício desabou por completo. Thomas Müller marcou ainda antes do intervalo (44’), abrindo o apetite dos adeptos do Bayern para uma vitória folgada (Coman, 53’, Müller, 66’, e Lewandowski em dose dupla, 79’ e 88’).

Trata-se do triunfo mais expressivo obtido em casa na fase a eliminar da Liga dos Campeões, que faz do sétimo apuramento do Bayern para os quartos-de-final uma inevitabilidade.

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