Uma Bela Malapata

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Béla Guttmann é uma estátua sorridente de bronze que vive no átrio principal do Estádio da Luz, que segura — uma em cada braço — duas Taças dos Clubes Campeões Europeus, também conhecidas como “orelhudas”, e embicou em transformar o Benfica em campeão mundial dos “cabeçudos” das grandes finais de futebol. À hora do fecho desta biografia oficial, não sabemos se ainda lá continua no estádio a estátua que foi oferecida pela embaixada da Hungria para supostamente quebrar a maldição do velho jarreta, raios o partam que já passaram 52 anos, ele morreu há 30 e não há meio.

Vamos lembrar o que interessa: o número mágico-negro de 8 (em 10!) maldições que enchem o imaginário popular à escala planetária. E, para não desafiar a sorte, admitimos desde já que foram usadas fontes copiadas à descarada, driblando-se a maldição recente do jornalismo de se publicarem artigos inteiros a fazer de conta que não se foi sacar tudo à Net. E são elas a Wikipédia (que surpresa, não é?), o site 20minutos (Espanha), o site futbolred (Colômbia) e a página online do diário La Tercera (Chile), decerto repararam que são todos em castelhano, nem sabemos bem porquê. Mas foi de Sevilha, há séculos, que Espanha partiu para chacinar e tirar as taças de ouro aos índios, aproveitando para roubar aos paraguaios o jeito para os penáltis. A história repete-se.

I — A maldição de Tutankhamon:

Nos anos 20 do século XX, o egiptólogo Howard Carter descobriu a existência de um faraó da XVII dinastia e convenceu Lord Carnarvon a financiar a busca da tumba no Vale dos Reis, Egipto. Quando a encontraram, estava cheio de tesouros e ainda viram pétalas de flores a desintegrar-se com o ar fresco, como papoilas secas depois de 120 minutos a saltitarem no campo, mas golos, nada. Chegados ao sarcófago, começaram as mortes dos membros da expedição. Em Março de 1923, quatro meses depois de abrir o túmulo, Carnarvon foi picado por um mosquito e a seguir cortou o sítio da picada com a lâmina quando se barbeava, alastrando a infecção a todo o corpo, logo a seguir apanhou uma pneumonia mortal, bolas, depois de o Sílvio partir a perna, o Salvio o braço, o Sulejmani o ombro (falta para vermelho, senhor árbitro) e ainda por cima o Fejsa sem recuperar, que não se via tanto azar junto. Mas a história não ficou por aqui, mais parecendo uma conspiração de fantasmas ocultos como os que puseram o Enzo Pérez e o Markovic fora do jogo mais importante e perdoaram pelo menos dois penáltis, senhores da UEFA. À mesma hora da morte de Carnarvon, morria a sua cadela Susie e houve um apagão eléctrico inexplicável no Cairo e na eficácia atacante do Benfica. A seguir, morreu o irmão de Carnarvon, Audrey Herbert, presente na abertura do túmulo, por causas desconhecidas. Morreu Arthur Mace, o homem que deu o último golpe no muro, e Sir Douglas Reid, que radiografou a múmia e regressou a casa sem a taça, perdão, regressou à Suíça para morrer. A jovem secretária de Carter faleceu de ataque cardíaco e o pai dela suicidou-se, porque a arqueologia é um desporto impróprio para cardíacos. Finalmente, um professor canadiano que estudou o túmulo com Carter sofreu um ataque cerebral e pereceu, ao contrário de Jorge Jesus que aprendeu a aguentar as múmias que lhe caem em cima nas finais, e vamos lá a ver hoje no Jamor.

II — Maldição do Titanic:

O paquete de luxo, maior navio de passageiros do mundo há cem anos, considerado inafundável, naufragou a 14 de Abril de 1912, na sua viagem inaugural, mas o Benfica, pelo contrário, ganhou a Taça dos Campeões nas duas primeiras vezes em que foi à final (1961 e 1962) e naufragou em 1963, 1965, 1968, 1983, 1988, 1990, 2013 e 2014, isto dá que pensar às autoridades marítimas.

III — Maldição do Super-Homem:

Cada actor que interpretou o super-herói sofreu um destino trágico. O primeiro foi Kirk Alyn, que o interpretou de 1948 a 1950 e nunca conseguiu encontrar outro bom papel, fazendo um pouco pensar no próximo destino de Cardozo. O segundo, George Reeves, foi encontrado morto e Christopher Reeve ficou paraplégico e… mas chega de desgraças e de mau gosto.

IV — Maldição dos Kennedy:

Mete assassinatos e queda de aviões e também ficamos por aqui.

V — Maldição dos Grimaldi:

Para chatices com os príncipes do Mónaco, já basta o filme com a Nicole Kidman, no papel de Grace Kelly, e o regresso de Leonardo Jardim a um clube estrangeiro para fazer história (ou arranjar mais uma história...)

V — Maldição de Bruce Lee:

Tanto o grande mestre das artes marciais, como o seu filho, Brandon Lee, tiveram fins trágicos durante a rodagem de filmes, mas façam os leitores a pesquisa porque isto começa a ficar tétrico. Beto, por sinal, fez uma excelente exibição na baliza do Sevilha.

VI — Maldição do Little Bastard:

Todos os donos posteriores do azarado carro de James Dean se arrependeram e com razão.

VII — Maldição de Rasputin:

Diz-se que o monge Rasputin, com fama de poderes sobrenaturais, advertiu a família Romanov: se algum membro da família o assassinasse, eles não ficariam vivos mais dois anos. Foi envenenado pelo príncipe Yusupov, que a seguir lhe deu vários tiros e o atirou ao rio. Os Romanov foram mortos dois anos depois, pelos bolcheviques.

VIII — Maldição daquele senhor húngaro que está na foto de cima:

Não há, infelizmente, muita documentação sobre um assunto de capital importância. A imprensa nacional e internacional devia dar mais atenção ao problema.     

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