Altice acusa Nos de “total falta de respeito” pelos reguladores

As críticas da Nos à decisão da ERC de não vetar a compra da Media Capital são um acto de “pressão inadmissível”, diz a dona da PT

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Cláudia Goya, a presidente da PT, ao lado de Armando Pereira e Michel Combes, accionista e presidente da Altice Nuno Ferreira Santos

Se a decisão da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) sobre a compra da Media Capital deixou a Nos “perplexa”, a reacção da Nos à decisão da ERC deixou a Altice espantada com um “acto de total desrespeito” pelo regulador dos media e pela pressão sobre a Autoridade da Concorrência (AdC).

“A Altice não pode deixar de manifestar a sua estranheza pelo comportamento” da Nos “para com os reguladores”, afirmou a empresa esta sexta-feira, num comunicado onde denuncia uma campanha das concorrentes da PT para prejudicar a operação de compra da Media Capital.

Desde “entrevistas dadas cirurgicamente antes da decisão da ERC, a oportunas fugas de informação sobre pretensos relatórios globais inexistentes, a concorrência da Altice tudo tentou para condicionar a decisão do regulador quanto ao negócio Altice/Media Capital”, acusou a dona da PT.

“Após a decisão da ERC, e quando se julgava que o processo seguisse o seu caminho legal, eis que num impensável movimento de pressão, inadmissível num mercado maduro de um país europeu”, a Nos “vem tecer afirmações sobre a decisão da ERC”, afirmou.

A Altice qualifica o teor do comunicado divulgado durante a manhã desta sexta-feira pela empresa controlada pela Sonae (dona do PÚBLICO) e por Isabel dos Santos como um “acto de total desrespeito por quem emite uma opinião fundada naquilo que é a sua crença na legalidade processual” e argumenta que os comentários da Nos “mostram bem que quem está habituado a controlar os mercados em que actua não aceita a livre concorrência como regra do jogo”.

“Quem, num total desrespeito pelas decisões dos reguladores as critica quando lhe não são favoráveis, é que coloca em perigo a democracia e o livre acesso dos consumidores ao mercado”, destaca a Altice.

E avança depois uma explicação para a actuação da rival: “Talvez por não ter chegado a acordo de parceria estratégica com outro grupo de media ou por não entender ser interessante financeiramente adquirir a Media Capital – conforme rumores vários de mercado – a Nos refugia-se agora em ataques demonstrativos de total falta de respeito pelo regulador”.

Ataques que “em países como Israel, a França ou os Estados Unidos – países em que a Altice actua e onde é bem acolhida pela regulação – teriam certamente consequências relevantes”, refere o comunicado.

Dizendo-se “firme no respeito pela regulação”, a empresa garante ainda aguardar “serenamente a decisão da Autoridade da Concorrência”. 

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