Chineses da Fosun vencem disputa pelo Club Med

Esta foi a Oferta pública de aquisição (OPA) mais longa da história da praça parisiense.

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PHILIPPE LOPEZ/AFP

O conglomerado chinês Fosun vai poder comprar o Club Méditerranée, depois de o empresário italiano Andrea Bonomi ter desistido da disputa homérica pela compra do grupo francês de campos de férias

A 19 de Dezembro, a Fosun e os seus parceiros tinham subido outra vez a sua proposta de preço para a compra da empresa francesa, para 24,6 euros, contra os 24 euros avançados anteriormente por Bonomi.

A oferta da Fosun valoriza o Club Med em 939 milhões de euros, sendo inferior à última cotação da empresa, que fechou esta sexta-feira na bolsa parisiense em 25,09 euros. Mas, desta vez, a disputa acabou. Através de comunicado, o campo de Bonomi adiantou que "depois de ter analisado atentamente a situação da oferta pública sobre os títulos da sociedade Club Méditerranée SA e, em particular, o nível de valorização atingido pela sociedade, o conselho de administração da Global Resorts SAS (uma empresa de Andrea Bonomi) tenciona retirar a sua oferta". O empresário italiano acaba assim, na noite de sexta-feira, um dia depois do ano Novo, com a oferta pública de aquisição (OPA) mais longa da história da praça parisiense.

A decisão é justificada com motivos financeiros. A Global Resorts estima que "a situação actual e os níveis de valorização não permitem que se continue a considerar o Club Med uma oportunidade de investimento". Em reacção, o Fosun já declarou à AFP, através de um porta-voz, que "regista esta decisão em satisfação".
Assim, é o campo contrário, liderado pela Fosun, que fica com o caminho livre, com a Global Resorts a disponibilizar-se inclusive para alienar os 18,9% do Club Med que possui. O grupo chinês detinha até agora 18,25% do operador turístico francês.

Além da guerra de preços, Bonomi e Fosun divergiam também sobre as perspectivas do Club Med. Os chineses punham o acento no desenvolvimento do negócio na China, "primeiro mercado mundial do turismo", e no Brasil, com o seu parceiro brasileiro Nelson Tanure, admitindo mais projectos, designadamente na Colômbia, bem como discussões com "outros parceiros regionais". Os franceses representam 36% (448 mil) dos clientes das 70 aldeias turísticas do Club Med, localizadas em 26 países, seguidos pelos chineses (126 mil) e belgas (80 mil). No último exercício, o grupo turístico facturou 1,38 mil milhões de euros e teve um prejuízo de 12 milhões.

A batalha pela aquisição do Clube Med começou em Maio de 2013, quando a Fosun lançou uma OPA com uma oferta de 17 euros por acção. O grupo chinês tem tido uma estratégia agressiva de expansão no exterior, através de aquisições e fortes investimentos.

Em Portugal, onde entrou em 2014, a Fosun assegurou já o controlo da seguradora Fidelidade (onde a Caixa Geral de Depósitos ainda detém uma posição) e, através desta, adquiriu a Espírito Santo Saúde, através de uma Oferta Pública de Aquisição que ficou marcada pela elevada concorrência de outros interessados e por uma guerra de preços. Além disso, comprou também uma pequena posição na REN (dominada pelos chineses da State Grid), e está na corrida à aquisição do Novo Banco, processo que deverá estar concluído este ano. Ao todo, a Fosun, de capitais privados, já aplicou mais de dois mil milhões de euros em Portugal, e posicionou-se rapidamente como o maior investidor chinês no mercado nacional.

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