Trump volta ao ziguezague na política comercial: tarifa do aço passa de 25% para 50%
Nova penalização sobre as importações de aço foi anunciada num comício e na rede social X, e entrará em vigor “na próxima semana”. UE ameaça com contramedidas.
É mais uma alteração brusca na política comercial levada a cabo pelo Presidente norte-americano, Donald Trump. As taxas aduaneiras sobre as importações de aço, fixadas em Março, vão aumentar de 25% para 50%, já a partir da “próxima semana”.
A alteração, que visa “proteger a produção norte-americana”, foi anunciada por Trump esta sexta-feira, num comício em Pittsburgh, na Pensilvânia, para assinalar um acordo de investimento entre a Nippon Steel, uma siderurgia japonesa, e a norte-americana U.S. Steel.
A alteração foi depois confirmada em nota oficial publicada na rede social X, com a indicação de que entrará em vigor “na próxima semana”, noticiou a Agência France-Presse (AFP).
TRUMP PROTECTS AMERICAN STEEL ????
— The White House (@WhiteHouse) May 30, 2025
"We are going to be imposing a 25% increase. We're going to bring it from 25% to 50%—the tariffs on steel into the United States of America—which will even further secure the steel industry in the United States." –President Donald J. Trump ???? pic.twitter.com/ASaAjXxLDE
O agravamento das tarifas acontece um dia depois de um tribunal superior suspender a decisão do Tribunal de Comércio Internacional dos Estados Unidos, de primeira instância, que considerou ilegais quase todas as taxas aduaneiras anunciadas pela Casa Branca nos últimos meses. A batalha judicial não acaba aqui, mas parece dar novo fôlego ao líder norte-americano para reforçar a sua política, num momento em que decorrem negociações com vários países nesta matéria, incluindo a União Europeia.
Trump referiu que, num primeiro momento, considerou aumentar as tarifas para 40%, "mas executivos do sector pediram para que ele os aumentasse para 50%".
"Ninguém conseguirá contornar" estas tarifas, garantiu Donald Trump perante os trabalhadores que, segundo a agência, usavam capacetes e casacos de trabalho com faixas reflectoras e que, após o anúncio das novas tarifas, gritaram "EUA, EUA".
A decisão de suspensão das tarifas, decidida pelo Tribunal de Comércio Internacional dos Estados Unidos, já não abrangia as tarifas agora agravadas para o aço, e o mesmo se passa como os 25% aplicados às importações de automóveis, componentes automóveis e alumínio, que, assim, se mantêm.
A primeira decisão numa de duas acções que entraram na justiça, acusando Trump de usurpação de poder na sua aprovação, abrange as tarifas aplicadas em Abril a quase todos os parceiros comerciais dos Estados Unidos – aquelas a que chamou de "tarifas recíprocas", que chegam aos 50% nos casos em que existe um défice comercial do lado dos Estados Unidos e aos 10% em quase todos os restantes países.
A imposição das tarifas sobre o aço já levou a uma subida de cerca de 16% no preço dos produtos siderúrgicos. O impacto na economia é maior, como mostram os dados divulgados pelo Departamento do Comércio dos EUA para as vendas a retalho, que em Abril registaram um crescimento de 0,1%, o que representa um abrandamento significativo face à variação de 1,7% de Março.
Reacção negativa da UE
Já este sábado, a Comissão Europeia disse lamentar "profundamente" o aumento anunciado e que a União Europeia (UE) está preparada para impor contramedidas.
"Lamentamos profundamente o aumento anunciado das tarifas americanas sobre as importações de aço de 25% para 50%", afirmou um porta-voz da Comissão Europeia em comunicado divulgado por e-mail, citado pelo Reuters.
"Esta decisão adiciona ainda mais incerteza à economia global e aumenta os custos para consumidores e empresas em ambos os lados do Atlântico", disse o porta-voz, acrescentando que "o aumento das tarifas também prejudica os esforços em andamento para alcançar uma solução negociada".
O prazo para as negociações entre a UE e os EUA, com vista à chegada a um acordo, foi prolongado até 9 de Julho.
"A UE está preparada para impor contramedidas, inclusive em resposta ao mais recente aumento de tarifas dos EUA", disse o porta-voz. Acrescentando que, "se nenhuma solução mutuamente aceitável for alcançada, as medidas existentes e adicionais da UE entrarão em vigor automaticamente em 14 de Julho — ou antes, se as circunstâncias o exigirem". Com agências
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