Victoria Beckham assina colecção com a Mango para “falar” a novos públicos

A colecção cápsula já está disponível em Portugal e assenta na alfaiataria de corte moderno, com alguns vestidos românticos à mistura. “Sempre joguei com o feminino e o masculino”, diz a designer.

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Victoria Beckham com Toni Ruiz, director executivo da Mango DR

Demorou até que Victoria Beckham conseguisse singrar na moda e fizesse face aos preconceitos: além de ser uma ex-Spice Girl, é casada com David Beckham. Agora, a marca da britânica, fundada em 2008, faz parte do calendário oficial da Semana da Moda de Paris e Posh vai ganhando terreno enquanto designer de moda. Para o provar e alargar horizontes, acaba de apresentar uma nova colecção em colaboração com a marca espanhola Mango.

É um contraste grande para a criadora que está habituada ao luxo unir-se a uma marca de moda acessível, mas trata-se de uma aposta para democratizar a sua visão sobre o vestuário. “É uma forma de falar para uma maior audiência de forma que seja relevante para a minha marca e mantenha a minha estética”, frisou a criadora à revista de moda Women’s Wear Daily (WWD).

Certo é que a colecção “sensual, ponderada e feminina” evoca a assinatura da criadora que se tem notabilizado pela impecável alfaiataria, com um toque britânico. Os fatos estão em destaque, em tons neutros, acompanhados de calças flare e camisas de corte elegante ─ imagem apanágio da própria Victoria Beckham. A pensar nas festas do Verão, a proposta inclui também vestidos estilo lingerie de corte fluído, com tecidos leves e transparentes. “Sempre joguei com o feminino e o masculino”, explica.

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O objectivo, explica a designer à mesma publicação, era criar “um guarda-roupa moderno e consciente, perfeito para os meses de Verão”. E detalha: “Tem um toque de atrevimento, mas também é muito elegante. Inspirei-me no icónico filme francês A Piscina e, mais especificamente, na personagem de Jane Birkin. Ela tinha tudo a ver com beleza natural, era altamente feminina e com um verdadeiro sentido de liberdade.”

As peças têm valores mais altos do que tipicamente está habituada a cliente da Mango (entre os 40 e os 250 euros, em Portugal), mas a marca explica, em comunicado, que toda a colecção é criada “a partir de tecidos naturais como o linho, o algodão e a seda”. Uma rápida pesquisa pela loja online da marca espanhola confirma que a maioria dos materiais é de origem espanhola e a confecção das peças foi feita em Marrocos.

“Estou muito orgulhosa do que criámos em conjunto. É muito moderno juntar as duas marcas e aproveitar a nossa experiência, e fiquei muito impressionada com o nível de execução, a atenção aos detalhes e o saber-fazer das equipas da Mango”, elogia Victoria Beckham, que chegou a viver em Espanha quando David Beckham assinou pelo Real Madrid, no início dos anos 2000. A colecção foi, aliás, apresentada em Begur, na Costa Brava, num evento que contou com personalidades como Emily Ratajkowski, Alexa Chung e Mia Regan.

Nos últimos 15 anos, Victoria Beckham tem construído nome na moda e, só em 2023, a etiqueta atingiu os 100 milhões de euros em vendas, um crescimento de 35% face a 2020. Além das colecções de vestuário, a designer, que celebrou 50 anos este mês, também tem apostado em cosmética. “A minha ambição foi sempre dar poder às mulheres e fazê-las sentir a melhor versão de si próprias”, declarou, a propósito do aniversário.

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Para a Mango, que comemora 40 anos em 2024, este tipo de colaboração é uma forma de alcançar “novos clientes”, mas também de “estimular a equipa desenvolver produtos de uma perspectiva diferente”, focando-se em “elevar a marca”. A colecção cápsula é assinada por Victoria Beckham, mas também pela directora criativa da linha feminina, Justi Ruano.

No passado, já colaboraram com outros artistas, como Camille Charrière e Pernille Teisbaek. Este tipo de colecções cápsula em colaboração com marcas de luxo não é exclusivo da Mango. A sueca H&M tem-se notabilizado neste segmento e já colaborou com nomes como Iris Apfel, Mugler, Karl Lagerfeld, Moschino ou Versace.

Tendo como principal rival a Inditex, a Mango tem crescido a galope nos últimos anos. Em 2023, registaram um lucro líquido de 172,1 milhões de euros, mais do que duplicando os 81 milhões de euros de 2022. No total, superaram os 3000 milhões de euros de facturação e esperam conquistar quatro mil milhões até 2026, prazo estabelecido também para a abertura de mais 500 lojas.

Portugal está no “top 10” dos principais mercados, apesar de a empresa não revelar o volume de facturação do país. Em Portugal, a Mango emprega cerca de 500 pessoas em 51 lojas em todo o território nacional.

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