Viagem à Europa

Um comboio, duas mochilas, a Europa: em vésperas de eleições europeias vamos fazer um Interrail. Vamos parar aqui e ali, de Barcelona a Bruxelas, de Atenas a Berlim, de Sófia a Londres. Os pontos estão marcados no mapa, o espaço é para surpresa.

Berlim, Alemanha

Berlim em luta contra a expulsão de inquilinos que não conseguem pagar a renda

"É criminoso que num país tão rico haja tanta pobreza e pessoas que são expulsas das casas por não conseguirem pagar a renda", diz Matthias Coers na manifestação contra o aumento dos preços das rendas, em Berlim.

O realizador, um dos que dirigiu o filme "Mietrebellen" (rebeldes da renda) diz que a habitação é "o maior tema social" neste momento em Berlim e em várias cidades alemãs. Está na manifestação hoje que assinala um ano sobre a morte de Rosemarie F. (não é dado o apelido), que morreu dois dias depois de ter sido expulsa de casa por não conseguir pagar a renda.

Em Berlim, aponta Coers, 85% das pessoas arrendam casas. E os ordenados, continua, não são tão altos como no resto da Alemanha. Antes, era possível alugar um quarto em Berlim por 250 euros. Agora por menos de 400 é complicado. Há famílias forçadas a mudar, reformados como Rosemarie a serem expulsos de casa; quem tem um contrato com limite agarra-se a ele como pode, mas os senhorios usam muitas vezes meios legais para aumentar a renda, como fazer renovações ou obras para aumentar a eficiência energética.

"É incrível haver tanta pobreza aqui", repete Coers. "E a Alemanha, que basicamente criou um mercado de trabalho barato, está a fazer o mesmo, através da troika, a países como a Grécia ou Portugal". Ao fazer o filme, ouviu histórias como "a de uma reformada que por vezes tinha de escolher entre ligar o aquecimento ou comer".

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Matthias Coers, realizador do "Mieterebellen" (rebeldes da renda)