No ferry de Bari para Igoumenitsa encontramos uma pessoa que tem uma Europa conhecida ao longo de mais de 5 milhões de quilómetros feitos nos últimos 25 anos. “Estou ao serviço da comunidade europeia”, diz meio a brincar. “Passei de serviço ibérico a serviço europeu”, conta: é motorista de longo curso.
Ele diz o seu nome mas prefere não o usar no jornal. Do alto do seu camião – 1,20 metros, mais precisamente – vai dando conta do que mudou por essa Europa fora. Antes, conta, fazia muito serviço de Espanha e Portugal. Agora, essa mercadoria vai-a buscar aos países de Leste.
Também vai vendo os sinais de culturas diferentes. Como em Itália e na Grécia três faixas se transformam em estradas de quatro faixas se houver necessidade.
Mas há outras diferenças no espaço europeu: nas multas, por exemplo, para quem beber de uma garrafa de água de litro e meio (em França um colega foi multado por isso mesmo). Ou nos sistemas tipo Via Verde nas auto-estradas: “tenho oito caixinhas brancas no tabelier”, uma por cada país.
Quando andou a conduzir sempre o mesmo percurso “ia dando em maluco”: é disto que gosta, de ser “papa-léguas”. Mais de cinco milhões de quilómetros, a última vez que contou.
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