Exército israelita diz à população civil para abandonar zona oriental de Rafah

Cerca de 1,2 milhões de pessoas estão em Rafah, no Sul da Faixa de Gaza, que se prepara para uma invasão. Governo israelita aponta o dedo ao Hamas e diz não ter alternativa.

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Famílias começam a sair das partes orientais de Rafah depois do aviso do exército de Israel Hatem Khaled / REUTERS
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Famílias começam a sair das partes orientais de Rafah depois do aviso do exército de Israel HAITHAM IMAD / EPA
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Famílias começam a sair das partes orientais de Rafah depois do aviso do exército de Israel Hatem Khaled / REUTERS
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Famílias começam a sair das partes orientais de Rafah depois do aviso do exército de Israel Hatem Khaled / REUTERS
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As Forças de Defesa de Israel (IDF) estão a emitir, na manhã desta segunda-feira, uma série de alertas à população civil que se encontra na região oriental de Rafah, aconselhando habitantes e deslocados palestinianos a abandonarem o local e a dirigirem-se para uma "zona humanitária alargada" no Sul da Faixa de Gaza.

As IDF dizem que os alertas estão a ser emitidos através de "anúncios, mensagens de texto, telefonemas e anúncios televisivos em árabe" e falam numa operação militar temporária e de "âmbito limitado".

Não esclarecem, no entanto, se vão dar finalmente início à ofensiva militar de grande envergadura que os dirigentes políticos do país garantem há vários meses que está para breve, apesar da oposição dos seus principais aliados, nomeadamente dos Estados Unidos, que assumem não haver "um plano eficaz que garanta a protecção dos civis".

"Isto é uma escalada perigosa e vai ter consequências", reagiu Sami Abu Zuhri, dirigente do Hamas, citado pela Reuters. "A Administração dos EUA, a par do ocupante [Israel], tem responsabilidade por este terrorismo."

As IDF acreditam que há quatro batalhões do Hamas operacionais em Rafah e defendem que a guerra contra o movimento islamista em Gaza — iniciada por Israel depois de o Hamas ter matado mais de mil pessoas e raptado 248 (128 das quais ainda estarão no enclave) — obriga a uma incursão terrestre em Rafah, que lhes permita neutralizar ou destruir essas unidades militares.

Segundo as Nações Unidas, há neste momento cerca de 1,2 milhões de pessoas em Rafah, junto à fronteira com o Egipto, muitas delas a necessitar de ajuda humanitária urgente.

Citado pela Associated Press, o tenente-coronel Nadav Shoshani, porta-voz das IDF, disse que cerca de 100 mil pessoas estavam a receber ordens para se deslocarem para a zona de Al-Mawasi. Apesar da sua designação como zona segura pelos militares israelitas, Al-Mawasi não foi poupada à violência nos últimos meses.

O pedido de evacuação das IDF surge horas depois de o Hamas ter disparado pelo menos dez rockets na direcção da zona do posto fronteiriço de Kerem Shalom (Karam Abu Salem), um ataque que matou três soldados e feriu outros onze, e que o Exército israelita diz ter sido lançado a partir de Rafah, a 350 metros de um abrigo para civis.

O pedido surge também depois de os dirigentes do Hamas e do Governo israelita terem trocado acusações sobre a responsabilidade por um novo fracasso nas negociações entre as duas partes para uma nova trégua nos combates — houve uma em Novembro do ano passado, que permitiu a libertação de vários reféns.

Numa mensagem ao país, transmitida no domingo, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, informou que o seu governo rejeitou as últimas exigências do Hamas para pôr um fim definitivo à guerra na Faixa de Gaza, argumentando que qualquer cessar-fogo permanente permitirá ao movimento islamista continuar a constituir uma ameaça à segurança de Israel.

Já Ismail Haniyeh, líder do bureau político do Hamas, acusou Netanyahu de "continuar a agressão, expandir o círculo de conflito e sabotar os esforços feitos através dos mediadores e das várias partes" e de não ter interesse num acordo.

Depois de ministros de extrema-direita do Governo israelita, como Itamar Ben-Gvir (Segurança Nacional), terem apelado, através das redes sociais, ao início da invasão de Rafah, o Ministério da Defesa israelita deu conta, nesta segunda-feira, de um telefonema entre o ministro Yoav Gallant e o secretário de Estado da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, que terminou com a conclusão israelita de que não tem "alternativa senão continuar a levar a cabo a sua operação militar", incluindo em Rafah.

"Durante a conversa [com Austin], Gallant discutiu os esforços levados a cabo para alcançar a libertação dos reféns e indicou que, nesta fase, o Hamas recusa o esboço [para um acordo] que temos em mãos. Gallant enfatizou que é necessária acção militar, incluindo na área de Rafah, na ausência de uma alternativa", lê-se no comunicado, citado pela Reuters.

"A nossa guerra em Gaza continua com os mesmos objectivos: a libertação de todos os reféns e a derrota do Hamas", escreveu no X (antigo Twitter), esta manhã, o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz.

De acordo com as autoridades de saúde palestinianas, a ofensiva militar das IDF na Faixa de Gaza já matou mais de 34.600 pessoas, a grande maioria civis.

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