Ministro israelita diz que libertação de reféns “não é o mais importante”
O mais importante, para o ministro das Finanças, é derrotar o Hamas. Oposição fala em “sacrifício humano” e diz que Bezalel Smotrich é a “verdadeira cara do Governo de Netanyahu”.
O ministro das Finanças israelita, Bezalel Smotrich, de extrema-direita, disse, nesta segunda-feira, que a libertação dos reféns que estão detidos na Faixa de Gaza desde 7 de Outubro “não é o mais importante”. O objectivo mais importante para o Governo, segundo disse aos microfones da Rádio Galey Israel, é a “destruição” do Hamas.
“Temos de dizer a verdade. O regresso dos reféns não é o mais importante”, disse. “É obviamente um objectivo muito importante”, mas não é o mais importante, reforça. “Se queremos destruir o Hamas para que não volte a acontecer outro 7 de Outubro, então temos de entender que não pode haver uma situação em que o Hamas continua em Gaza.”
Mais tarde, em declarações ao canal de televisão Channel 2, disse que “há uma coisa que não se vai fazer para que os reféns voltem” que é “render-se a uma organização terrorista”. “O regresso tem de acontecer apenas depois de termos destruído o Hamas. Assim que o Hamas se render, que os seus líderes tenham partido para o exílio e que o grupo se desarme, conseguiremos que voltem os reféns”, afiançou o ministro.
Como resposta ao ataque do Hamas, no dia 7 de Outubro, Israel lançou uma ofensiva militar em Gaza com dois objectivos definidos: destruir o Hamas e trazer de volta os mais de 250 reféns que resultaram desse primeiro ataque. Desde então, a guerra no enclave já matou mais de 50 mil pessoas, de acordo com os números das autoridades palestinianas — muitos deles civis.
No sábado à noite, Netanyahu disse que não iria terminar a guerra enquanto o Hamas governasse Gaza e acusou os “elementos em Israel” que queriam o fim da guerra para rever os reféns de “ecoar a propaganda do Hamas, palavra por palavra.”
Este discurso ocorreu depois de o Hamas ter rejeitado, na quinta-feira, a última proposta de cessar-fogo israelita por considerar que tinha “condições impossíveis” — entre as condições, contava-se o desarmamento total.
Famílias de reféns e oposição denunciam “sacrifícios humanos”
Desde que o anterior acordo de cessar-fogo caiu e os combates foram retomados, em Março, que as famílias dos reféns pediam que não fossem esquecidos — mesmo que isso queira dizer que o Hamas continua em Gaza. Acredita-se que haja ainda cerca de 20 reféns vivos em Gaza. Pelo menos 30 corpos terão ainda de ser libertados.
Nesta segunda-feira, o Fórum das Famílias dos Reféns e Desaparecidos disse sentir “vergonha” pelas palavras de Smotrich, que, “pelo menos, revela ao público a dura verdade de que este Governo decidiu, de forma deliberada, deixar de lado os reféns”, cita o The Times of Israel.
“Smotrich, a História vai lembrar-se de como fechou o seu coração aos seus irmãos e irmãs em cativeiro e decidiu não os salvar”, lê-se no comunicado, que exige, também, que o Governo e membros da coligação se distanciem “de forma clara” das palavras do ministro das Finanças e que “prove que ainda estão comprometidos com os valores básicos judeus e israelitas” de reaver os reféns.
Lishay Miran-Lavi, mulher de um dos reféns, Omri Miran, escreveu no X que agradece a Smotrich por “dizer publicamente o que o primeiro-ministro tem medo de dizer”.
O deputado Moshe Gafni, do Judaísmo Unido da Torá, um dos membros da coligação actualmente no poder, veio a público reforçar que a “libertação dos reféns é o assunto mais importante”. Smotrich já lhe respondeu, dizendo que acredita que “a vitória sobre o Hamas vai preservar vidas humanas”.
Yair Golan, dos Democratas, partido da oposição, disse que o ministro é a “verdadeira cara do Governo de Netanyahu” e “apresenta os reféns como sacrifícios humanos no altar das ilusões messiânicas”.
O líder do partido conservador Yisrael Beitenu disse que o “regresso dos reféns não é assunto de debate, é uma obrigação moral e nacional”, escreveu Avigdor Lieberman no X.
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