Morreu Süleyman Demirel, um gigante da vida política turca

Foi primeiro-ministro durante 11 anos e Presidente entre 1993 e 2000. Só Erdogan governou mais tempo do que ele.

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Süleyman Demirel retirou-se da política activa em 2000 ADEM ALTAN/AFP

O antigo Presidente e primeiro-ministro turco Süleyman Demirel, um dos gigantes da vida política da Turquia durante mais de meio-século, morreu esta quarta-feira com 90 anos, num hospital de Ancara. Segundo a agência Anatólia, a morte foi provocada por uma grave infecção respiratória.

A partir de 1965, Süleyman Demirel governou a Turquia durante mais de 11 anos na chefia de sete governos, a segunda maior carreira de primeiro-ministro depois de 1945, só ultrapassada pela do actual Presidente Recep Tayyip Erdogan. Depois exerceu as funções de chefe de Estado entre 1993 e 2000.

Numa declaração publicada pelo seu gabinete, o Presidente islamo-conservador turco saudou a personalidade e a longevidade do seu antecessor.

"Süleyman Demirel, que contribuiu para o desenvolvimento deste país, deixou uma marca profunda na história política da Turquia e ficará para sempre entre os políticos e os estadistas mais importantes do país”, escreveu Erdogan.

Também o primeiro-ministro Ahmet Davutoglu apresentou as suas condolências à família de Demirel, aos “seus admiradores” e ao “povo turco”.

Nascido em 1924, Demirel começou a sua carreira política depois do primeiro golpe de Estado militar em 1960, nas fileiras do Partido da Justiça. Conservador moderado mas sobretudo pragmático, deve a excepcional longevidade da sua carreira a um sentido inato de adaptação, aliando-se aos islamistas, à extrema-direita ou aos sociais-democratas, num período ritmado por crises económicas, intervenções militares e violência nas ruas.

Dois dos seus mandatos como primeiro-ministro foram interrompidos por golpes militares em que foi mesmo proibido de exercer actividade política. Mas em cada ocasião conseguiu dar a volta e retomar as suas funções.

“É verdade, tive que deixar o poder seis vezes”, respondeu um dia a um jornalista, “mas regressei sete vezes”. Uma das suas expressões favoritas resume perfeitamente o homem e o seu percurso político: “ontem foi ontem, hoje é hoje”.

Elogiado pelos seus talentos de orador, aquele que os seus apoiantes tratavam por “Baba” (papá em turco), retirou-se oficialmente da vida política depois do fim do seu mandato presidencial em 2000, mas continuou a dispensar os seus conselhos à classe política.

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