Netanyahu reclama “decisões próprias” contra o Irão, apesar da pressão internacional

Primeiro-ministro de Israel reuniu-se com líderes internacionais, que pediram cautela, mas não descarta uma esposta armada ao ataque do Irão no passado sábado.

Foto
O primeiro-ministro de Israel, Benjamim Netanyahu REUTERS/Ronen Zvulun
Ouça este artigo
00:00
04:04

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, garantiu, nesta quarta-feira, que, apesar das recomendações feitas pelos ministros dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido e da Alemanha, que apelaram à contenção numa eventual resposta ao ataque do Irão, será Israel a tomar as suas "decisões próprias" para garantir a defesa contra Teerão.

Netanyahu encontrou-se com Annalena Baerbock e David Cameron, responsáveis pelas pastas dos Negócios estrangeiros da Alemanha e do Reino Unido, respectivamente, que viajaram para Israel no âmbito de uma estratégia internacional para evitar que a tensão entre Israel e o Irão – agravada depois do ataque de Teerão no passado fim-de-semana – se transforme num verdadeiro conflito regional.

"Apresentaram todo o tipo de sugestões e conselhos. Agradeço-lhes por isso. Mas quero deixar claro que tomaremos as nossas próprias decisões e que o Estado de Israel fará tudo o que for necessário para se defender", afirmou, de acordo com um comunicado divulgado pelo seu gabinete, citado pela agência Reuters.

"Resultado completamente imprevisível"

Antes, no rescaldo de um encontro com o Presidente de Israel, Isaac Herzog, David Cameron disse, de acordo com o jornal The Guardian, que era claro que Israel tinha "tomado a decisão de agir". "Esperamos que o façam de uma forma que contribua o menos possível para o agravamento da situação", acrescentou. O ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido encontrou-se ainda com Netanyahu e, apesar dos apelos reiterados de contenção, foi o próprio a visar o regime de Teerão, pedindo uma acção coordenada de sanções. "É preciso que o G7 lhes transmita uma mensagem clara e inequívoca", afirmou.

Também nesta quarta-feira, Annalena Baerbock garantiu ter deixado claro, durante as conversações em Israel com o primeiro-ministro israelita e outros responsáveis do país, que não se pode permitir que o Médio Oriente resvale para uma situação cujo desfecho é "completamente imprevisível". "Todos devem agir de forma prudente e responsável", disse a responsável pela pasta dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, citada pela Deutsche Welle, antes de deixar Israel para participar numa reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros do G7, em Itália, que deverá discutir as sanções contra o Irão. "Não estou a falar em ceder, estou a falar em contenção e prudência", sublinhou a alemã.

Resposta "forte e feroz"

Por seu lado, também nesta quarta-feira, o Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, voltou a ameaçar Israel, referindo que "o mais pequeno ataque" desencadeará uma resposta "maciça e dura", cita a estação pan-árabe Al Jazeera. O aviso do Presidente aconteceu durante o desfile anual do Exército iraniano, insistindo nas recentes ameaças de "uma resposta forte e feroz" no caso de retaliação por parte de Israel.

"Os povos de todo o mundo viram que, após a Operação Tempestade al-Aqsa [nome do ataque do Hamas a 7 de Outubro], a Operação Promessa Verdadeira [nome do ataque do Irão no sábado] desmoronou a falsa hegemonia do regime sionista", disse Raisi. Defendendo que se tratou de um ataque controlado e limitado, o Presidente iraniano garante que se o Irão quisesse teria levado a cabo um ataque maior e que "nada restaria do regime sionista". O responsável iraniano visou também os aliados de Israel, referindo que os países que "procuram normalizar as relações com o regime criminoso e cruel estão a envergonhar-se perante as suas próprias populações".

Tripulação de navio português continua retida

A tripulação do navio MSC Aries, com bandeira portuguesa, que foi capturada pelo Irão no sábado continua retida no Golfo Pérsico. Num comunicado divulgado, esta quarta-feira, pela MSC, a empresa detentora da embarcação, é explicado que os "25 tripulantes estão em segurança e que estão em curso conversações com as autoridades iranianas para garantir a sua libertação o mais rapidamente possível". A empresa dá ainda conta de que estão a ser feitos esforços para que a "carga seja libertada".

O embaixador do Irão em Portugal, Seyed Majid Tafreshi, tinha garantido, no domingo, à RTP, que a tripulação do navio tinha sido libertada. A agência Tasnim, próxima da Guarda Revolucionária iraniana, adiantou que a operação que levou à captura do navio se devia à sua ligação com Israel. O MSC Aries pertence à Zodiac Maritime Limited, com sede em Londres, parte do grupo Zodiac, que é detido pelo israelita Eyal Ofer.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários