A voz no sistema de som do comboio diz algo que ninguém parecia estar à espera: “Senhores passageiros, tomem atenção aos vossos bens. Há ladrões no comboio”.
Logo um frenesim de pessoas a verificar se têm tudo — porta-moedas, carteira, telemóvel, se a mala está onde a deixaram. Olhares desconfiados para os lados. Carteiras no colo, braços à volta. O comboio de Amesterdão para Bruxelas transforma-se num poço de desconfianças. Neste InterRail, é a primeira vez que ouvimos um anúncio destes.
O que aconteceu? O revisor explica que alguém ficou sem mala. Conta que é frequente neste comboio. Nesta viagem, já tinham reparado em pessoas suspeitas sem bilhete e tinham-nas posto para fora do comboio. “Pelos vistos, havia mais”, queixa-se o revisor.
A Páscoa é uma altura especial e os comboios andam cheios, tornando-se ainda mais difícil de contornar. Em Bruxelas, depois de comprada a reserva para o eurostar (“o preço está alto, não há concorrência, e há poucos lugares para quem tem passe interrail”), oferecem-nos ovos de chocolate. No guichet ao lado está um sorridente Rato Mickey a promover viagens à Eurodisney.
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