Partido Socialista, de Edi Rama, perto de alcançar “supermaioria” na Albânia

Rama prometeu a adesão à UE em 2030 e António Costa visitará Tirana para “reforçar a confiança” no alargamento da UE. Observadores internacionais destacam “ambiente político altamente polarizado”.

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O primeiro-ministro da Albânia, Edi Rama e a esposa, Linda Rama, depois de votarem as eleições parlamentares em Tirana. FLORION GOGA / REUTERS
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O Partido Socialista, de Edi Rama, tem a vitória praticamente garantida nas eleições legislativas da Albânia. Com mais de 65% dos votos contados, o PS vai vencendo em dez dos doze círculos eleitorais com 53% dos votos a nível nacional. Na análise em directo da A2 CNN albanesa, prevê-se uma “supermaioria”. O PS aumentará substancialmente a votação que tinha conseguido em 2021 (quase 49%) – prevê-se que consiga cerca de 83 dos 140 assentos parlamentares (74 na última eleição) – ultrapassando até as primeiras projecções após o fecho das urnas.

A votação terminou pelas 19h de domingo, dia 11 de Maio. Os resultados definitivos serão publicados até terça-feira, 13, disse o chefe da Comissão Eleitoral Central, Ilirjan Celibashi.

A oposição conservadora da coligação Albânia Grandiosa, liderada pelo Partido Democrático (PD), tem 34% dos votos contados até agora. Apesar de conseguir a vitória (confortável) nas regiões de Shkoder e Kukes, no norte da Albânia, o PD perdeu muito apoio a nível nacional em relação às últimas eleições - projectam-se 51 deputados eleitos pelos conservadores, menos oito que em 2021. Em terceiro lugar deverá ficar o Partido Social-Democrata (centro-esquerda), mantendo os três deputados que já tinha, com aproximadamente 4% dos votos.

A justificação para a descida do PD estará não só no crescimento do PS, mas também no aparecimento de novos partidos da oposição que devem conseguir eleger pela primeira vez. O “Mundesia” (Partido da Oportunidade, de centro-direita), o Movimento Juntos (esquerda) e a Iniciativa Fazer a Albânia (centro-direita) devem conseguir um mandato cada um. Nestas projecções, veiculadas em directo pela A2 CNN, não estão ainda contabilizados os votos da diáspora, que serão adicionados no final do processo de contagem.

A diáspora albanesa votou pela primeira vez na história da democracia do país. Na madrugada desta segunda-feira noticiava-se a histórica abertura da primeira urna eleitoral com votos de emigrantes: 196 para o PD e 52 para o PS. No entanto, o desenrolar das contagens viria a inverter essa tendência inicial.

No campeonato dos votos à distância, o PS leva, para já, uma vantagem ainda mais assinalável, com 55% contra os 30% da coligação Albânia Grandiosa. O único partido (além dos dois “grandes”) que também compete para eleger deputados a partir dos votos no estrangeiro é a Iniciativa Fazer a Albânia, com 9% dos votos contados até agora.

Adesão à UE

Na tentativa de um inédito quarto mandato consecutivo, Edi Rama tinha prometido aos albaneses a integração na União Europeia até 2030, com o processo de negociações com a Europa a terminar já em 2027. A Albânia tem-se aproximado dos critérios exigidos pela UE, com um forte esforço de combate à corrupção e a recente preocupação com a integridade do processo eleitoral.

"A invasão da Rússia à Ucrânia acelerou o processo de adesão da Ucrânia e da Moldova. Por isso, não é justo que os países dos Balcãs Ocidentais sejam ultrapassados, e isso levá-los-á a avançar mais rapidamente com as reformas", afirmou esta segunda-feiraAntónio Costa, presidente do Conselho Europeu, em declarações à Euronews, referindo ainda que Albânia e Montenegro são, actualmente, os países mais próximos da integração europeia.

O ex-primeiro-ministro português estará em Tirana na próxima sexta-feira, 16, para “reforçar a confiança” dos locais no alargamento da UE.

“Ambiente altamente polarizado”

A transparência e integridade do processo eleitoral foi a grande preocupação do Comité Eleitoral Central, que tinha, por exemplo, todos os dados relativos ao primeiro voto da diáspora disponíveis no seu site.

A Organização para a Segurança de Cooperação na Europa (OSCE) foi o órgão internacional que garantiu a supervisão da eleição. No relatório da Missão Internacional de Observação Eleitoral, publicado nesta segunda-feira, a OSCE considera que as eleições foram "competitivas e conduzidas de forma profissional", mas realizadas num "ambiente político altamente polarizado". O discurso e confronto entre PS e PD, amplificados nas redes sociais, "limitaram o diálogo construtivo e o acesso dos eleitores a informações equilibradas".

Apesar do sucesso no primeiro voto da diáspora, houve “problemas”: “Atrasos na entrega dos boletins de voto e a rejeição de 41 mil eleitores devido a questões de documentação destacaram áreas que precisam de melhorias.”

No relatório final da OSCE lê-se também que “as mulheres continuam sub-representadas em órgãos eleitorais importantes e em cargos de liderança, indicando a necessidade de esforços mais fortes para promover a igualdade de género.”

Texto editado por Paulo Narigão Reis

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