Sánchez recusa demitir-se depois de uma acusação de corrupção na cúpula do PSOE
O dirigente do PSOE Santos Cerdán é suspeito de ter recebido comissões em troca de adjudicações de obras públicas. Pedro Sánchez pede desculpas por ter confiado na integridade de Cerdán.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, assegurou na quinta-feira que não vai convocar eleições antecipadas, mesmo tendo reconhecido que falhou ao confiar no dirigente do PSOE Santos Cerdán, que desempenhava as funções de secretário do partido e que foi hoje forçado a demitir-se, por acusações de corrupção.
O jornal El País descreve um Pedro Sánchez “com cara de enterro” que apareceu na sede do PSOE, em Madrid, para pedir desculpa por ter confiado em Santos Cerdán, como já tinha feito com José Luis Ábalos, os seus dois secretários de organização implicados em graves casos de corrupção.
“Com a voz quase embargada, um Sánchez deprimido garantiu, no entanto, que não haverá eleições antecipadas nem uma crise governamental”, escreve o El País.
Como explica a Europa Press, as forças policiais espanholas divulgaram um relatório sobres os “indícios graves” de que Santos Cerdán, o número três na hierarquia do PSOE, alegadamente cobrou comissões ilegais a troco de favores. Sánchez assegurou que estava até hoje convicto da integridade de Cerdán e que o PSOE irá colaborar com as autoridades.
Em causa está a participação de Cerdán num alegado esquema de adjudicação de obras públicas em troca de comissões, no período em que José Luis Ábalos tinha a pasta de ministro dos Transportes. Este caso está a ser investigado pela UCO, uma unidade da Guardia Civil especializada em crimes de corrupção. Os valores envolvidos são de 620 mil euros, de acordo com a imprensa espanhola.
O primeiro-ministro espanhol (e secretário-geral do PSOE) repetiu várias vezes que não conhecia até hoje a totalidade do relatório da Guardia Civil que imputa os crimes a Santos Cerdán. Sánchez adiantou que Santos Cerdán defendeu a sua inocência, mas afirmou que “cabe à justiça dirimir esta questão”.
Apesar de anunciar a realização de uma auditoria externa às contas do PSOE, para dissipar as suspeitas de financiamento ilegal, assegurou que vai ficar no cargo até 2027.
“Não se trata de mim ou do PSOE, trata-se de um projecto político que está a fazer coisas boas para o nosso país. Estamos a defender um modelo de país que é necessário. E a crise governamental, de forma alguma, não está a afectar o governo espanhol. Cerdán era o secretário de organização do PSOE”, disse o líder do executivo espanhol.
Em reacção ao caso, o líder do PP Alberto Núñez Feijóo, declarou que Sánchez deve “demitir-se já”. Numa conferência de imprensa esta quinta-feira, Feijóo criticou o primeiro-ministro por “fazer-se de vítima” e tentar “sacudir a responsabilidade”.
“Era impossível”, acusou o líder do PP, que Sánchez “não conhecesse” o suposto esquema montado por Ábalos e Cerdán.
No domingo passado, o PP convocou um protesto em Madrid contra os alegados casos de corrupção envolvendo o executivo e familiares de Sánchez, pedindo aos cidadãos “honestos e livres” que se “revoltem contra a degradação”.
Na manifestação sob o mote "máfia ou democracia", o PP acusou o Governo de ter “manchado tudo: a política, as instituições, a separação de poderes, a liberdade de expressão e a convivência”.
O protesto reuniu 100 mil pessoas nas contas dos centristas e 45 mil segundo os dados oficiais.
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