Meio milhão passou por Copacabana para assistir ao Mundial

Prefeitura do Rio de Janeiro faz balanço positivo da primeira fase do torneio e garante que a cidade carioca “é o coração da Copa”

Foto
O Rio de Janeiro tem batido todos os recordes de visitas por causa do Mundial YASUYOSHI CHIBA/AFP

Duas conclusões se podem tirar do balanço feita esta sexta-feira pela Prefeitura do Rio de Janeiro à primeira fase do Mundial. A cidade carioca é definitivamente o coração do torneio e tudo está a correr bem, até ao momento, superando as expectativas. Perto de meio milhão de pessoas assistiram às transmissões dos jogos no ecrã gigante do FIFA Fan Fest, localizado na praia de Copacabana, entre os dias 12 e 26 de Junho, e os incidentes foram “irrelevantes”. Mas, este sábado, o município terá a sua prova de fogo, já que, pela primeira vez, um jogo no Maracanã – Colômbia-Uruguai – coincidirá com uma partida da selecção brasileira, que enfrenta o Chile. O movimento será particularmente intenso e o moderno Centro de Operações do Rio reforçou os seus efectivos para coordenar a operação e minimizar eventuais complicações.

“A nossa previsão de receber 400 mil turistas [durante o Mundial] será provavelmente ultrapassada”, antecipou esta sexta-feira António de Melo, secretário municipal do Turismo. A explicação para a provável revisão em alta, reside nos milhares de adeptos sul-americanos que têm chegado à cidade. A maioria são argentinos, chilenos e equatorianos que disputaram partidas no Maracanã - Argentina-Bósnia (2-1); Espanha-Chile (0-2); Equador-França (0-0); tendo ainda sido disputado neste estádio o Bélgica-Rússia (1-0) -, mas os visitantes chegaram de muitas outras paragens da América Latina, com mexicanos e venezuelanos em destaque, e do resto do globo.

Quem ganha com esta enchente é o turismo local. As duas principais atracções da cidade, Pão de Açúcar e Corcovado, têm estado à cunha, com enormes filas de persistentes turistas, que chegam a esperar duas horas para ali chegar (excluindo o tempo perdido no intenso trânsito carioca). “O Pão de Açúcar teve uma média de oito mil turistas por dia a partir da segunda semana da Copa”, revelou António de Melo, contextualizando que a média, nesta altura do ano, ronda os três mil diários: “Já o Corcovado recebeu 130 mil visitantes desde o início de Janeiro.”

No âmbito mais geral, o responsável pelo turismo revelou, citando dados fornecidos pelo Facebook, que 141 milhões de pessoas falaram sobre a Copa em todo o mundo: “Este número é incrível e supera sozinho o conjunto de citações do Super Bowl, Óscares e Jogos Olímpicos.” O Rio está também a preparar-se para receber muitos outros adeptos estrangeiros que vão convergir para a cidade, onde irá disputar-se a final do Mundial, à medida que o torneio vai avançando. “Muitos acabaram por fixar-se aqui, apesar de se deslocarem a outras sedes do torneio. Vão ver os jogos das suas equipas, mas regressam logo depois para assistir aqui ao resto do Mundial”, esclareceu.

Este crescimento temporário, mas considerável, da população urbana, tem obtido resposta por parte da rede de transportes públicos, segundo garantiu Leonardo Maciel, presidente do RioEventos, a empresa municipal responsável pela organização e coordenação dos grandes eventos na cidade, como o Mundial e os Jogos Olímpicos de 2016. “O Metrô transportou 400 mil pessoas nos dias dos quatro jogos disputados na cidade”, adiantou, pormenorizando que a maior intensidade (71 mil pessoas) ocorreu na partida entre a Espanha e o Chile. Tanta gente concentrada em ambiente festivo, a maioria sem bilhetes para o Maracanã, implica uma logística reforçada ao nível dos serviços sanitários: desde o primeiro jogo, a 15 de Junho, “foram removidos 284 toneladas de resíduos”.

Positiva é ainda a avaliação ao nível da segurança, tendo-se verificado “poucas incidências”, de acordo com Leonardo Matieli, secretário municipal da Ordem Pública. Este responsável confirmou que o actual contingente policial mobilizado para os dias de jogo (1630 efectivos) irá ser reforçado este sábado, com mais 680 agentes e poderá aumentar mais nos próximos dias: “O efectivo vai crescer no Rio na medida que irá ser desmobilizado de outras cidades-sede que já não irão receber mais jogos.”

Centro de Operações dia e noite

Já os crónicos problemas de circulação automóvel na cidade foram minimizados por Joaquim Dinis, director de operações da Companhia de Engenharia de Trafego do Rio, garantindo não se ter verificado “nenhum problema significativo de congestionamento” durante o Mundial. E para minimizar a dramática mobilidade rodoviária carioca funciona, desde o último dia de 2010, o Centro de Operações Rio (COR). Equipado com tecnologia de ponta, este instituto integra 30 organismos que monitorizam, 24 horas por dia, o quotidiano desta cidade com perto de 6,5 milhões de habitantes.

Numa rápida visita, o PÚBLICO acompanhou por alguns instantes a actividade do COR, onde 400 profissionais se revezam diariamente, acompanhando, em tempo real, as imagens captadas por 560 câmeras instaladas por toda a cidade. Todos os dados são analisados numa enorme ecrã de 80 metros quadrados instalado na Sala de Controle.

O trânsito não é a única missão do COR, que antecipa e responde no imediato a crises que possam ser desencadeadas por fenómenos meteorológicos, como deslizamentos de terras provocados por fortes chuvas, colocando em perigo a vida de pessoas e bens, especialmente nas favelas, mais expostas a estes riscos. Para este tipo de ocorrências mais graves, existe a Sala de Crise, que está em contacto directo com o gabinete da prefeitura e com a Defesa Civil. Este gabinete de crise esteve particularmente activo nos últimos meses, durante a greve dos trabalhadores dos autocarros que ameaçaram paralisar completamente o Rio.

Este centro é único no Brasil e tem recebido a visita de vários responsáveis de outras grandes cidades brasileiras e estrangeiras para estudarem o seu funcionamento. “Estiveram aqui recentemente representantes dos municípios de Bogotá (Colômbia), Joanesburgo (África do Sul), Recife e Belo Horizonte”, confirmou ao PÚBLICO Pedro Junqueira, chefe de operações do COR.

 

 

 

Sugerir correcção
Comentar